Modelo de Ação de Repetição de Indébito Tributário: Restituição de Imposto de Renda Indevidamente Retido sobre Valores Previdenciários de Natureza Alimentar
Publicado em: 23/10/2024 Direito Previdenciário TributárioAÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO
1. ENDEREÇAMENTO
À Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária de [UF]
2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
M. A. dos S., brasileiro, aposentado, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX-XX SSP/XX, residente e domiciliado na Rua [endereço completo], CEP XXXXX-XXX, na cidade de [cidade/UF], endereço eletrônico: [email protected], por seu advogado infra-assinado, com escritório profissional situado à [endereço profissional], endereço eletrônico: [email protected], vem, respeitosamente, propor a presente:
3. DOS FATOS
O Autor, ora aposentado, recebeu do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, no momento da concessão de sua aposentadoria, o montante de R$ 89.000,00 (oitenta e nove mil reais), valor este correspondente ao pagamento retroativo de 60 (sessenta) meses de benefício previdenciário de salário mínimo.
Contudo, o valor correto a ser recebido era de R$ 119.000,00 (cento e dezenove mil reais), tendo em vista que cada parcela mensal correspondia a um salário mínimo vigente à época. Ocorre que, do valor total, houve retenção indevida de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) a título de Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF.
Tal retenção foi realizada de forma equivocada, pois considerou o valor global recebido como base de cálculo única, aplicando-se alíquota progressiva sobre o montante acumulado, o que resultou em tributação indevida. O correto seria a apuração do imposto de renda mês a mês, conforme o regime de competência, o que, no caso concreto, resultaria em alíquota zero, por se tratar de rendimentos mensais isentos ou não tributáveis.
Ressalte-se que o valor recebido tem natureza alimentar, sendo verba previdenciária de caráter indenizatório, e, portanto, não deveria ter sido tributada de forma acumulada.
4. DO DIREITO
A presente demanda encontra amparo no CTN, art. 165, I, que assegura ao contribuinte o direito à restituição do tributo pago indevidamente. O CTN, art. 168, I, estabelece o prazo de cinco anos para pleitear a restituição, contados da data da retenção indevida.
O STF, no julgamento do Tema 368, firmou o entendimento de que, nos casos de recebimento acumulado de valores remuneratórios, a incidência do imposto de renda deve observar o regime de competência, ou seja, a tributação deve ser feita como se os valores tivessem sido recebidos mês a mês. Tal entendimento foi incorporado à legislação pelo art. 12-A da Lei 7.713/1988.
Ocorre que, no caso em tela, a Receita Federal, por meio do INSS, desconsiderou tal entendimento, aplicando a alíquota do imposto de renda sobre o montante global, o que gerou cobrança indevida de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
O CPC/2015, art. 319, exige que a petição inicial contenha os fundamentos jurídicos do pedido, o que ora se cumpre com base na legislação tributária e precedentes jurisprudenciais.
Ademais, o princípio da legalidade tributária (CF/88, art. 150, I) veda a exigência de tributo sem lei que o estabeleça, e o princípio da capacidade contributiva...