Jurisprudência em Destaque
Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre Recurso Especial nº 2041654: Cláusulas Contratuais, Princípios Processuais e Juros Moratórios
Doc. LEGJUR 250.1061.0904.8857
1 - Ação declaratória de nulidade de cláusulas contratuais cumulada com condenatória em obrigação de pagar, ajuizada em 15/4/2016, da qual foi extraído o presente recurso especial, interposto em 5/8/2022 e concluso ao gabinete em 29/11/2022. ... ()

Comentário/Nota
COMENTÁRIO JURÍDICO SOBRE DECISÃO DO STJ
INTRODUÇÃO
O presente comentário jurídico visa analisar a decisão proferida pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no julgamento do Recurso Especial nº 2041654, que envolveu a empresa Barrasul Empreendimento Imobiliário Ltda. e consumidores (W. H. A. J. e H. B. L.). A controvérsia tratou de questões contratuais e processuais de significativa relevância, sendo abordados pontos como negativa de prestação jurisdicional, validade de cláusula contratual, aplicação de multa e juros moratórios.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
O STJ entendeu que não houve omissão por parte do Tribunal de origem, uma vez que a questão foi devidamente analisada e fundamentada. Tal posicionamento encontra respaldo no CPC/2015, art. 489, §1º, que exige fundamentação adequada das decisões judiciais. A decisão reforça a importância de uma análise detalhada e contextualizada no âmbito recursal, destacando o papel dos Tribunais Superiores em evitar a repetição de atos processuais que já foram devidamente apreciados.
Apesar da conclusão do STJ, cabe destacar que a avaliação da existência ou não de omissão em decisões judiciais é uma questão sensível, pois pode influenciar diretamente a percepção de acesso à justiça pelas partes. Nesse sentido, a decisão reafirma a necessidade de rigor técnico na elaboração de acórdãos pelos Tribunais de origem.
VALIDADE DA CLÁUSULA CONTRATUAL
Um dos pontos mais relevantes da decisão foi a validação da cláusula contratual que transfere ao consumidor o custo de instalações e ligações definitivas de serviços públicos. O STJ condicionou a validade à redação destacada da cláusula, mesmo que o valor exato não tenha sido previamente especificado. Essa interpretação está em consonância com o CCB/2002, art. 423, que determina a interpretação mais favorável ao aderente em contratos de adesão.
Contudo, a decisão deixa aberta a possibilidade de contestação judicial em caso de abusos ou cobranças desproporcionais, o que demonstra equilíbrio entre a proteção do consumidor e a segurança jurídica nos contratos. A análise crítica aponta que, embora a decisão evite a nulidade de cláusulas contratuais de forma automática, ela também exige atenção das empresas no momento da redação de contratos, sob pena de judicialização futura.
VEDAÇÃO À REFORMATIO IN PEJUS
O STJ reafirmou o princípio da vedação à reformatio in pejus ao determinar que a multa arbitrada em liquidação de sentença deve ser limitada ao valor fixado em primeiro grau. Tal entendimento está amparado no CPC/2015, art. 1.013, §3º, que regula os limites da competência recursal. Essa decisão é salutar, pois impede que o recorrente tenha sua situação agravada, preservando a confiança no sistema recursal.
Entretanto, é importante destacar que o princípio da vedação à reformatio in pejus pode gerar debates nas hipóteses em que há necessidade de correções substanciais no julgamento. No caso em análise, o STJ optou por uma aplicação rigorosa do princípio, o que contribui para a estabilidade das relações processuais.
JUROS MORATÓRIOS E TAXA SELIC
A decisão do STJ, ao confirmar que os juros moratórios devem seguir a Taxa Selic, conforme previsão do CCB/2002, art. 406, está em alinhamento com a jurisprudência pacífica da Corte. A Taxa Selic, por englobar juros e correção monetária, é amplamente utilizada como parâmetro nos cálculos judiciais. Essa uniformização contribui para a previsibilidade e eficiência no cumprimento das obrigações judiciais.
A adoção da Taxa Selic, no entanto, pode ser objeto de críticas, especialmente em períodos de alta inflacionária, quando a própria natureza da Selic pode gerar dificuldades financeiras ao devedor. Ainda assim, a decisão do STJ segue uma linha coerente com o ordenamento jurídico vigente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão proferida pela Terceira Turma do STJ apresenta importante contribuição para a consolidação de entendimentos sobre cláusulas contratuais, princípios processuais e a aplicação de juros moratórios. O equilíbrio entre a proteção ao consumidor e a segurança jurídica foi um dos pontos centrais do julgado, especialmente ao validar cláusulas contratuais que atendam aos requisitos de transparência e proporcionalidade.
No plano prático, o julgado reforça a necessidade de atenção por parte das empresas na redação de contratos, bem como a observância rigorosa dos princípios processuais pelos Tribunais de origem. A decisão também sinaliza que a uniformização de critérios, como a adoção da Taxa Selic, contribui para maior estabilidade nas relações jurídicas.
Em perspectiva futura, a decisão poderá servir como referência para casos semelhantes, fortalecendo a segurança jurídica e a confiança no Poder Judiciário. No entanto, a abertura para questionamentos judiciais em situações de abusividade é um indicativo de que o equilíbrio entre as partes contratantes continuará a ser objeto de análise cuidadosa pelos Tribunais.
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