?>

Delimitação da competência do STF para não reexaminar provas em recurso extraordinário sobre limitação indenizatória de transportadora com dolo ou culpa grave conforme Convenção de Montreal

Publicado em: 06/08/2025 Processo Civil
Este documento aborda a tese extraída do acórdão que define a competência do STF para afastar o reexame de matéria fático-probatória em recurso extraordinário envolvendo a limitação da pretensão indenizatória de transportadoras diante do conhecimento do valor da carga ou dolo e culpa grave, fundamentando-se no art. 102, III, a da CF/88 e na Convenção de Montreal. Explica a preservação da competência das instâncias ordinárias e reforça a observância dos pressupostos constitucionais para admissibilidade dos recursos.

TESE DOUTRINÁRIA EXTRAÍDA DO ACÓRDÃO:

É infraconstitucional e fática a controvérsia sobre o afastamento da limitação à pretensão indenizatória quando a transportadora tem conhecimento do valor da carga ou age com dolo ou culpa grave.

COMENTÁRIO EXPLICATIVO

O STF delimitou o alcance da análise constitucional ao afastar do julgamento do recurso extraordinário as discussões acerca das hipóteses de afastamento da limitação indenizatória, quando o transportador tem ciência do valor da mercadoria ou age com dolo ou culpa grave. Tais situações exigem análise de provas e interpretação de normas infraconstitucionais, como os dispositivos específicos da Convenção de Montreal. Por isso, tais matérias não são passíveis de apreciação pelo STF em sede de recurso extraordinário, devendo ser debatidas e decididas nas instâncias ordinárias.

FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

CF/88, art. 102, III, a: delimita a competência do STF ao exame de questões constitucionais, vedando reexame de matéria fático-probatória.

FUNDAMENTO LEGAL

Convenção de Montreal (Decreto 5.910/2006, art. 22 e seguintes); CPC/2015, art. 1.036, § 1º.

SÚMULAS APLICÁVEIS

Não há súmulas específicas do STF ou STJ sobre a matéria, mas a Súmula 279/STF (“Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”) é aplicável de forma indireta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao afastar a competência do STF para análise das exceções à limitação indenizatória por dolo, culpa grave ou conhecimento do valor da carga, preserva-se a função das instâncias ordinárias e a sistemática recursal do ordenamento jurídico brasileiro. O entendimento impede a banalização do recurso extraordinário e reforça a necessidade de observância dos pressupostos constitucionais de admissibilidade. Para os operadores do direito, a decisão serve como alerta para a correta formulação dos recursos e para delimitação das teses recursais. No futuro, tal entendimento tende a desestimular recursos extraordinários sobre questões eminentemente probatórias e infraconstitucionais, otimizando a atividade jurisdicional do STF.

ANÁLISE CRÍTICA DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A decisão está em consonância com a jurisprudência consolidada do STF sobre a inadmissibilidade do reexame de fatos e provas em sede de recurso extraordinário. Ao afastar o exame das exceções à limitação indenizatória, o STF reforça o respeito à autonomia das instâncias ordinárias e à estrita observância dos limites recursais fixados na CF/88. A consequência prática é o fortalecimento do sistema de precedentes e a redução do congestionamento da Suprema Corte por recursos que não versam sobre matéria eminentemente constitucional. Essa postura contribui para a estabilidade e eficiência do Poder Judiciário, ao mesmo tempo em que estimula uma maior tecnicidade na formulação dos recursos excepcionais.


Outras doutrinas semelhantes


Limitação da Indenização por Danos Materiais no Transporte Aéreo Internacional de Carga Segundo as Convenções de Varsóvia e Montreal e Jurisprudência do STF

Limitação da Indenização por Danos Materiais no Transporte Aéreo Internacional de Carga Segundo as Convenções de Varsóvia e Montreal e Jurisprudência do STF

Publicado em: 06/08/2025 Processo Civil

Análise da tese jurídica firmada pelo STF que estabelece a limitação da responsabilidade civil do transportador aéreo internacional de mercadorias com base nas Convenções de Varsóvia e Montreal, prevalecendo sobre o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor, garantindo segurança jurídica e uniformidade nas demandas indenizatórias por danos materiais em transporte de carga internacional. Fundamentação constitucional, legal e jurisprudencial detalhadas.

Acessar

Responsabilidade civil da concessionária ferroviária por omissão na segurança das faixas de domínio: fundamentos jurídicos, culpa e indenização proporcional entre partes

Responsabilidade civil da concessionária ferroviária por omissão na segurança das faixas de domínio: fundamentos jurídicos, culpa e indenização proporcional entre partes

Publicado em: 16/02/2025 Processo Civil

Análise da responsabilidade civil da concessionária de transporte ferroviário em casos de omissão na vedação física, sinalização e fiscalização das faixas de domínio, destacando a necessidade de comprovação de culpa, as excludentes de responsabilidade e a fixação proporcional da indenização na concorrência de culpas.

Acessar

Reconhecimento da Extinção da Punibilidade e Improcedência do Pedido Condenatório em Ação de Improbidade Administrativa com Base na Revogação do Art. 11, I, da Lei 8.429/1992 pela Lei 14.230/2021

Reconhecimento da Extinção da Punibilidade e Improcedência do Pedido Condenatório em Ação de Improbidade Administrativa com Base na Revogação do Art. 11, I, da Lei 8.429/1992 pela Lei 14.230/2021

Publicado em: 26/09/2024 Processo Civil

Documento que analisa a superveniência da Lei 14.230/2021, destacando a revogação do art. 11, I, da Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), e sua implicação na impossibilidade de condenação por ato culposo sem trânsito em julgado e dolo comprovado, requerendo a extinção da punibilidade e a improcedência do pedido condenatório.

Acessar