Modelo de Réplica à contestação em ação de restituição de parcelas pagas em consórcio, requerendo devolução conforme Lei 11.795/2008 e jurisprudência do STJ, vedando retenção de cláusula penal sem prejuízo comprova...

Publicado em: 22/06/2025 Processo CivilConsumidor
Modelo de réplica à contestação em ação judicial de restituição de valores pagos por consorciado desistente. Defende a devolução das parcelas pagas conforme os prazos legais da Lei 11.795/2008 e a jurisprudência do STJ, impugnando a retenção indevida de cláusula penal sem comprovação de prejuízo, requerendo correção monetária, juros de mora e condenação em custas e honorários. Destaca princípios da boa-fé objetiva, equilíbrio contratual e proteção do consumidor.
← deslize para o lado para ver mais opções

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de [cidade/UF],

2. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO

O réu, [Consórcio Réu], apresentou contestação à presente ação de restituição de valores pagos em contrato de consórcio, sustentando, em síntese, a impossibilidade de devolução das parcelas pagas pelo autor, ora requerente, em razão do cancelamento do consórcio antes da contemplação ou da extinção do grupo. Argumentou que, nos termos contratuais e legais, a restituição somente seria devida ao final do grupo, e que eventual retenção de valores a título de taxa de administração, fundo de reserva e cláusula penal seria legítima.

O réu ainda defende que não há direito à restituição imediata, tampouco à devolução integral das quantias pagas, bem como sustenta a legalidade das cláusulas contratuais que disciplinam o momento e a forma da devolução dos valores.

3. PRELIMINARES (SE HOUVER)

Não há preliminares a serem suscitadas nesta oportunidade, uma vez que a contestação apresentada pelo réu não trouxe questões processuais impeditivas ou extintivas do direito de ação que demandem manifestação específica nesta fase.

4. DOS FATOS

O autor, A. J. dos S., aderiu a grupo de consórcio administrado pelo réu, tendo realizado o pagamento de diversas parcelas mensais. Por motivos de ordem pessoal, o autor solicitou o cancelamento de sua participação antes de ser contemplado e antes da extinção do grupo.

O réu, entretanto, recusou-se a restituir os valores pagos, alegando que a devolução somente seria possível após a contemplação ou encerramento do grupo, e ainda assim com a retenção de valores a título de taxa de administração, fundo de reserva e cláusula penal.

O autor ajuizou a presente demanda visando a restituição das quantias pagas, deduzidas apenas as taxas efetivamente devidas, em conformidade com a legislação aplicável e a jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores.

A controvérsia reside, portanto, na possibilidade e no momento da restituição das parcelas pagas pelo consorciado desistente, bem como na legitimidade das retenções contratuais pretendidas pelo réu.

5. DO DIREITO

5.1. DA RESTITUIÇÃO DAS PARCELAS PAGAS PELO CONSORCIADO DESISTENTE

O contrato de consórcio é disciplinado pela Lei 11.795/2008, que regula o sistema de consórcios no Brasil. Nos termos do art. 22, caput e §2º, da Lei 11.795/2008, o consorciado excluído tem direito à restituição das quantias pagas, observando-se o prazo de até 30 (trinta) dias após o encerramento do grupo ou a contemplação da cota excluída. O mesmo dispositivo é reiterado no art. 30 da Lei 11.795/2008.

O entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sede de recurso repetitivo (Tema 312, REsp. 1.119.300/RS/STJ), é de que a devolução das parcelas ao consorciado desistente deve ocorrer em até 30 dias após o encerramento do grupo, salvo contemplação anterior, com o objetivo de preservar a estabilidade financeira do fundo de consórcio e desestimular desistências em massa.

Assim, a pretensão do réu de não devolver as parcelas pagas antes da contemplação ou extinção do grupo encontra respaldo legal e jurisprudencial, mas não pode se converter em negativa absoluta de restituição. O autor faz jus à devolução das quantias pagas, observando-se o prazo legal e contratual.

5.2. DA ILEGALIDADE DA RETENÇÃO DE CLÁUSULA PENAL SEM COMPROVAÇÃO DE PREJUÍZO

O réu pretende reter valores a título de cláusula penal, sem, contudo, demonstrar a ocorrência de efetivo prejuízo ao grupo de consórcio em razão da desistência do autor. O art. 53, §2º, do CDC estabelece que a imposição de cláusula penal em contratos de adesão, como o de consórcio, só é admitida se houver comprovação de danos efetivos.

A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a retenção de valores a título de cláusula penal sem comprovação de prejuízo ao grupo é indevida, sob pena de enriquecimento ilícito da administradora (STJ, AgInt no AREsp. 2.245.475/SP/STJ).

5.3. DA TAXA DE ADMINISTRAÇÃO E FUNDO DE RESERVA

A taxa de administração constitui remuneração legítima pelos serviços prestados pela administradora do consórcio, sendo admitida sua retenção proporcional ao período em que o consorciado esteve vinculado ao grupo (STJ, Súmula 538). Da mesma forma, o fundo de reserva deve ser restituído ao consorciado desistente, caso haja saldo positivo após o encerramento do grupo (Lei 11.795/2008, art. 22).

5.4. DA CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS

A restituição das parcelas deve ser realizada com correção monetária desde cada desembolso (Súmula 35/STJ) e juros de mora a partir do 31º dia após o encerramento do grupo, conforme entendimento consolidado.

<"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

Vistos etc.

Trata-se de ação de restituição de valores pagos em contrato de consórcio proposta por A. J. dos S. em face de [Consórcio Réu], na qual se discute a possibilidade, o momento e as condições de devolução das parcelas pagas pelo consorciado desistente, bem como a legitimidade das retenções contratuais pretendidas pela administradora.

I. Conhecimento do Recurso

Preenchidos os pressupostos processuais e condições da ação, conheço do pedido, não havendo preliminares impeditivas ou extintivas do direito de ação a serem apreciadas nesta fase.

II. Dos Fatos e da Controvérsia

Consta dos autos que o autor aderiu a grupo de consórcio administrado pelo réu, efetuando o pagamento de diversas parcelas mensais, e posteriormente solicitou o cancelamento de sua participação antes de ser contemplado e antes da extinção do grupo. O réu recusou-se a restituir os valores pagos, alegando que a devolução somente seria possível após a contemplação da cota ou do encerramento do grupo, com retenção de taxa de administração, fundo de reserva e cláusula penal.

A controvérsia, portanto, restringe-se à possibilidade e ao momento da restituição das parcelas pagas, bem como à legitimidade das retenções contratuais aplicadas.

III. Fundamentação

1. Da Fundamentação Constitucional e Legal (CF/88, art. 93, IX)

Em observância ao art. 93, IX, da Constituição Federal, que impõe ao magistrado o dever de fundamentar suas decisões, passo à análise das questões postas nos autos, de forma clara e precisa.

2. Do Direito à Restituição das Parcelas Pagas

O contrato de consórcio é regulado pela Lei 11.795/2008, especialmente em seu art. 22, caput e §2º, o qual estabelece que o consorciado excluído faz jus à restituição das quantias pagas, observando-se o prazo de até 30 (trinta) dias após o encerramento do grupo ou a contemplação da cota excluída. O mesmo se extrai do art. 30 da referida lei.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sede de recurso repetitivo (Tema 312, REsp. Acórdão/STJ), consolidou o entendimento de que a devolução das parcelas ao consorciado desistente deve ocorrer em até 30 dias após o encerramento do grupo, salvo contemplação anterior, de modo a garantir o equilíbrio financeiro do grupo e evitar desistências em massa.

Assim, a pretensão do réu de condicionar a restituição das parcelas ao encerramento do grupo encontra amparo legal e jurisprudencial, não havendo direito à devolução imediata. Contudo, não se admite a negativa absoluta de restituição, devendo ser observado o prazo legal.

3. Da Taxa de Administração e Fundo de Reserva

A retenção de taxa de administração, proporcional ao período em que o consorciado esteve vinculado ao grupo, é legítima, conforme entendimento consolidado (STJ, Súmula 538). Quanto ao fundo de reserva, este somente poderá ser retido caso haja saldo positivo após o encerramento do grupo, nos termos do art. 22 da Lei 11.795/2008.

4. Da Cláusula Penal e Vedação ao Enriquecimento Ilícito

O réu não demonstrou a ocorrência de efetivo prejuízo ao grupo de consórcio em razão da desistência do autor, condição necessária para a retenção de valores a título de cláusula penal, conforme preceitua o art. 53, §2º, do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a jurisprudência pacífica do STJ (AgInt no AREsp. Acórdão/STJ). A retenção de multa sem comprovação de dano caracteriza enriquecimento ilícito, vedado pelo art. 884 do Código Civil.

5. Da Correção Monetária e Juros

A restituição das parcelas deve ser efetuada com correção monetária desde cada desembolso (Súmula 35/STJ) e juros de mora a partir do 31º dia após o encerramento do grupo.

6. Dos Princípios Contratuais e da Defesa do Consumidor

O caso deve ser analisado à luz dos princípios da boa-fé objetiva (art. 422, CCB), do equilíbrio contratual e da vedação ao enriquecimento ilícito, além da proteção do consumidor (CF/88, art. 5º, XXXII; CDC, art. 4º). A recusa injustificada à restituição integral das parcelas afronta tais princípios e merece reparo judicial.

IV. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, para condenar o réu [Consórcio Réu] a restituir ao autor A. J. dos S. os valores das parcelas pagas, deduzidas:

  • a taxa de administração proporcional ao período de permanência no grupo;
  • eventual fundo de reserva, caso haja saldo positivo, conforme apuração ao final do grupo;
  • vedada a retenção de cláusula penal ou multa sem comprovação de prejuízo efetivo ao grupo.

 

Determino que a restituição seja realizada em até 30 (trinta) dias após o encerramento do grupo ou contemplação da cota, com valores devidamente corrigidos monetariamente desde cada desembolso e acrescidos de juros de mora a partir do 31º dia após o encerramento do grupo.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC/2015.

Em eventual liquidação, deverá o réu apresentar cálculo detalhado dos valores devidos, discriminando as parcelas pagas, taxa de administração e fundo de reserva.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

[Cidade], [data].

[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito

V. Nota de Fundamentação (art. 93, IX, CF/88)

A presente decisão encontra-se devidamente fundamentada, em consonância com o art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige do magistrado a exposição dos motivos de seu convencimento, analisando os fatos e os fundamentos jurídicos aplicáveis, inclusive os princípios constitucionais da proteção ao consumidor, boa-fé objetiva, equilíbrio contratual e vedação ao enriquecimento ilícito.


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.