Modelo de Réplica à contestação em ação civil contra Uber por bloqueio arbitrário de perfil de motorista parceiro, requerendo reativação, indenização por danos materiais e morais, e inversão do ônus da prova com base ...
Publicado em: 25/05/2025 CivelProcesso CivilConsumidorRÉPLICA À CONTESTAÇÃO
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ___ – Tribunal de Justiça do Estado
2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DO PROCESSO
Processo nº: [número do processo]
Autor: C. R. C. G., brasileiro, solteiro, motorista de aplicativo, portador do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], RG nº [x.xxx.xxx], endereço eletrônico: [e-mail do autor], residente e domiciliado à [endereço completo].
Ré: Uber do Brasil Tecnologia LTDA., inscrita no CNPJ sob o nº [xx.xxx.xxx/xxxx-xx], endereço eletrônico: [e-mail da ré], com sede à [endereço completo].
3. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO APRESENTADA PELA PARTE RÉ
A Uber do Brasil Tecnologia LTDA. apresentou contestação na qual sustenta, em síntese, que atua como mera intermediadora tecnológica entre motoristas e usuários, não sendo prestadora de serviços de transporte, tampouco empregadora dos motoristas cadastrados. Argumenta que os motoristas atuam de forma autônoma, com liberdade e flexibilidade para escolher quando e como trabalhar, e que a plataforma apenas repassa os valores das viagens, descontando uma taxa pelo uso do sistema. Ressalta ainda que a desativação do perfil do autor decorreu de suposta violação aos termos de uso, sem detalhar de forma clara e fundamentada os motivos, e que não haveria direito à reativação automática, tampouco à indenização por lucros cessantes ou danos morais. Por fim, impugna o pedido de inversão do ônus da prova e o deferimento da justiça gratuita.
4. PRELIMINARES (SE HOUVER)
Não há preliminares processuais a serem suscitadas neste momento, uma vez que a contestação apresentada pela ré não trouxe questões de ordem processual que impeçam o regular prosseguimento do feito. Eventuais matérias de mérito serão enfrentadas nos tópicos seguintes.
5. DOS FATOS
O autor, C. R. C. G., atuava como motorista parceiro da plataforma Uber, exercendo sua atividade de forma regular e sem histórico de condutas que justificassem medida extrema. Subitamente, teve seu acesso à plataforma bloqueado, sendo privado de sua principal fonte de renda, sem que lhe fosse oportunizado o exercício do contraditório e da ampla defesa, tampouco fornecida justificativa concreta e detalhada para o descredenciamento. Ressalta-se que a decisão da ré baseou-se em um relato isolado, sem qualquer apuração efetiva ou apresentação de provas robustas, deixando o autor em situação de absoluta vulnerabilidade econômica e social.
O bloqueio unilateral e imotivado da conta do autor não apenas lhe retirou o direito de exercer sua atividade profissional, mas também o lançou à miséria, privando-o de recursos para prover o próprio sustento e de sua família. A conduta da ré, ao agir de forma arbitrária e sem transparência, afronta princípios basilares do ordenamento jurídico, especialmente em se tratando de relação em que há manifesta hipossuficiência do motorista diante da estrutura empresarial da plataforma.
Importante destacar que o autor buscou esclarecimentos junto à ré, sem obter resposta satisfatória, restando-lhe apenas o ajuizamento da presente demanda para ver resguardados seus direitos fundamentais.
6. DO DIREITO
6.1. DA NATUREZA DA RELAÇÃO E DA COMPETÊNCIA
Conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a relação entre motorista e plataforma digital é de natureza civil, sendo a Justiça Comum competente para o julgamento da demanda (STJ, RECURSO ESPECIAL 2.144.902 - MG). Contudo, a natureza civil não afasta a incidência de princípios constitucionais e consumeristas, notadamente quando há manifesta hipossuficiência do motorista frente à plataforma, atraindo a aplicação do CDC e da legislação protetiva.
6.2. DO DIREITO AO CONTRADITÓRIO, À AMPLA DEFESA E À TRANSPARÊNCIA
O bloqueio do perfil do autor, sem prévia notificação, sem exposição clara dos motivos e sem possibilidade de defesa, viola frontalmente os princípios do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), os quais, segundo entendimento do STF e do STJ, irradiam eficácia também nas relações privadas. A Lei 13.709/2018 (LGPD), em seus arts. 5º, I, 12, §2º e 20, reforça o direito do titular dos dados pessoais (motorista) à informação clara e à revisão de decisões automatizadas que afetem seu perfil profissional.
A jurisprudência do STJ é clara ao afirmar que, ainda que a plataforma possa suspender imediatamente o perfil do motorista diante de ato gravoso, deve garantir o direito de defesa e a possibilidade de revisão da decisão, sob pena de abusividade (STJ, REsp 2.135.783 - DF).
6.3. DA NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO E PROVA ROBUSTA PARA O DESLIGAMENTO
O descredenciamento do autor foi embasado em relato isolado, sem investigação adequada, sem apresentação de provas concretas e sem observância do devido processo. A jurisprudência do STJ (REsp 1.262.132 - RS) reforça que, em relações de consumo, a inversão do ônus da prova pode ser reconhecida independentemente de decisão judicial, cabendo à ré demonstrar, de forma clara e inequívoca, a existência de justa causa para o desligamento. A ausência de documentação robusta e a falta de transpar�"'>...
Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.