Modelo de Petição interlocutória de denúncia de fraude à execução pela doação fraudulenta de 18 imóveis pelo réu a seus filhos, com pedido de reconhecimento da fraude, intimação dos donatários e penhora dos bens conf...

Publicado em: 30/04/2025 CivelProcesso Civil
Petição interlocutória apresentada pelo autor contra o réu, visando o reconhecimento judicial da fraude à execução decorrente da doação de 18 imóveis a familiares após sentença condenatória, com pedido de ineficácia dos atos, intimação dos donatários, constrição dos bens e aplicação de multa por litigância de má-fé, fundamentada no CPC/2015 e no Código Civil.

PETIÇÃO INTERLOCUTÓRIA DE DENÚNCIA DE FRAUDE À EXECUÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ___ do Tribunal de Justiça do Estado de ___.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, empresário, inscrito no CPF sob o nº 000.000.000-00, portador do RG nº 0.000.000-0, residente e domiciliado na Rua Alfa, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], neste ato representado por seu advogado, conforme instrumento de mandato anexo, com escritório profissional na Rua Beta, nº 200, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected];
Réu: B. C. de S. L., brasileiro, casado, empresário, inscrito no CPF sob o nº 111.111.111-11, portador do RG nº 1.111.111-1, residente e domiciliado na Rua Gama, nº 300, Bairro Jardim, CEP 11111-111, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Autor ajuizou ação de cumprimento de sentença em face do Réu, em razão do inadimplemento das obrigações assumidas em Contrato de Compra e Venda de Participações Societárias, firmado entre as partes. O Réu foi condenado civilmente como Réu Devedor por não cumprir nenhuma das cláusulas contratuais, seja quanto ao pagamento, seja quanto às obrigações de fazer.

Após a prolação da sentença condenatória, o Réu passou a adotar conduta processual procrastinatória, apresentando petições com alegações inverídicas e de manifesta má-fé, com o claro intuito de adiar o cumprimento da obrigação e frustrar a satisfação do crédito do Autor.

Ademais, restou comprovado nos autos que, posteriormente à condenação, o Réu realizou renúncia à herança e doação de 18 (dezoito) imóveis para seus próprios filhos, esvaziando seu patrimônio e tornando-se insolvente, em evidente tentativa de burlar a efetividade da execução.

Tais fatos caracterizam, de forma inequívoca, a ocorrência de fraude à execução, nos termos do CPC/2015, art. 792, IV, e impõem o reconhecimento judicial da fraude, com a consequente ineficácia das doações perante o Autor.

4. DA FRAUDE À EXECUÇÃO

A fraude à execução consiste na alienação ou oneração de bens pelo devedor, após o início do processo judicial, em prejuízo do credor, com o objetivo de frustrar a satisfação do crédito exequendo. O instituto encontra previsão expressa no CPC/2015, art. 792, IV, que dispõe:

“CPC/2015, art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência.”

No caso em tela, restou demonstrado que o Réu, após a instauração da demanda e prolação da sentença condenatória, promoveu a doação de 18 imóveis a seus filhos, além de renunciar à herança, esvaziando seu patrimônio e tornando-se insolvente. Tal conduta preenche todos os requisitos legais para a configuração da fraude à execução: litispendência (existência de ação em curso) e insolvência (inexistência de outros bens penhoráveis).

Ademais, a doação de bens a familiares próximos, após a constituição do título executivo, afasta a presunção de boa-fé dos donatários, especialmente quando não há demonstração de desconhecimento da existência da ação judicial.

Ressalte-se que o reconhecimento da fraude à execução independe de ação autônoma, podendo ser declarada incidentalmente nos próprios autos da execução, conforme entendimento consolidado dos tribunais.

Por fim, a conduta do Réu viola os princípios da boa-fé objetiva e da função social do processo, previstos na CF/88, art. 5º, XXXV, e no CPC/2015, art. 6º, devendo ser repelida pelo Poder Judiciário para garantir a efetividade da tutela jurisdicional.

5. DO DIREITO

O reconhecimento da fraude à execução encontra amparo no CPC/2015, art. 792, IV, que prevê a ineficácia da alienação ou oneração de bens realizada pelo devedor, após o início da demanda, quando capaz de reduzi-lo à insolvência.

O CCB/2002, art. 158 também dispõe que os negócios de transmissão gratuita de bens, praticados por devedor já insolvente ou por eles reduzido à insolvência, podem ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos aos seus direitos.

A jurisprudência consolidada, inclusive do Superior Tribunal de Justiça, estabelece que, para a configuração da fraude à execução, é suficiente a existência de ação capaz de reduzir o devedor à insolvência e a alienação ou oneração de bens no curso do processo, sendo prescindível a demonstração de má-fé do adquirente quando se tratar de negócio entre familiares próximos, dada a presunção de ciência da demanda.

O CPC/2015, art. 792, § 4º, determina que o terceiro adquirente seja intimado para manifest"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Petição Interlocutória de Denúncia de Fraude à Execução formulada por A. J. dos S. em face de B. C. de S. L., no âmbito de ação de cumprimento de sentença decorrente de inadimplemento contratual. O autor alega que, após a prolação da sentença condenatória, o réu passou a adotar condutas processuais procrastinatórias e realizou a doação de dezoito imóveis a seus filhos, bem como renunciou à herança, tornando-se insolvente, com o objetivo de frustrar a satisfação do crédito exequendo.

Requer o reconhecimento da fraude à execução, a ineficácia das doações em relação ao autor, a intimação dos donatários, a constrição/penhora dos imóveis doados, a aplicação de multa por litigância de má-fé, dentre outros pedidos.

Fundamentação

1. Da Admissibilidade

O pedido é tempestivo e as partes são legítimas. Os documentos acostados aos autos comprovam a existência de sentença condenatória transitada em julgado, bem como a prática, pelo réu, de atos de disposição patrimonial após o início da demanda e a constituição do título executivo.

2. Da Fraude à Execução

O instituto da fraude à execução encontra amparo no CPC/2015, art. 792, IV, segundo o qual a alienação ou oneração de bens é considerada fraudulenta quando, ao tempo da alienação, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência.
Os autos revelam que o réu, após ser condenado ao cumprimento de obrigação pecuniária, alienou a quase totalidade de seu patrimônio, por meio de doações a seus filhos, e renunciou à herança, tendo se tornado insolvente.
Tais circunstâncias configuram, de modo inequívoco, os requisitos legais para a declaração de fraude à execução: (i) litispendência; (ii) alienação de bens após a constituição do título executivo; (iii) ausência de outros bens penhoráveis; (iv) doação a familiares próximos, afastando a presunção de boa-fé dos donatários.

3. Da Ineficácia dos Atos de Disposição

A jurisprudência consolidada, inclusive do Superior Tribunal de Justiça, reconhece que a fraude à execução pode ser declarada incidentalmente no próprio processo executivo, não sendo necessária a propositura de ação autônoma (Súmula 375/STJ).
A presunção de ciência da demanda por parte dos donatários, filhos do executado, afasta a alegação de boa-fé, nos termos das decisões colacionadas aos autos (TJSP, AI Acórdão/TJSP; TJRJ, AI Acórdão/TJRJ).

4. Do Contraditório e Ampla Defesa

O CPC/2015, art. 792, § 4º, determina que o terceiro adquirente seja intimado para que, querendo, manifeste-se nos autos, em respeito ao contraditório e à ampla defesa.
Ressalto que a proteção ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV) e a exigência de fundamentação das decisões judiciais (CF/88, art. 93, IX) impõem que os donatários sejam oportunamente intimados.

5. Da Litigância de Má-Fé

O comportamento do réu caracteriza litigância de má-fé, nos termos do CPC/2015, art. 80, por opor resistência injustificada ao andamento do processo e utilizar o processo para objetivos manifestamente ilegais.

6. Dos Demais Pedidos

Os demais pedidos, referentes à produção de provas admitidas em direito e à designação de audiência de conciliação/mediação, poderão ser analisados conforme o regular andamento do processo e a manifestação das partes.

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX e CPC/2015, art. 792, IV e § 4º, e demais disposições legais aplicáveis, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado pelo autor para:

  • a) Reconhecer a ocorrência de fraude à execução relativamente às doações de 18 imóveis realizadas pelo réu a seus filhos, declarando a ineficácia dos atos de disposição de bens em relação ao autor, nos termos do CPC/2015, art. 792, IV;
  • b) Determinar a intimação dos donatários para, querendo, manifestarem-se nos autos, observando-se o CPC/2015, art. 792, § 4º;
  • c) Autorizar a constrição/penhora dos imóveis doados, para garantia da execução e satisfação do crédito do autor;
  • d) Aplicar ao réu multa por litigância de má-fé, nos termos do CPC/2015, art. 80, a ser fixada oportunamente em liquidação;
  • e) Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor atualizado da execução;

Oficie-se aos cartórios de registro de imóveis para anotação da ineficácia das doações, conforme necessário.

Publique-se. Intimem-se. Cumpra-se.

Conclusão

É como voto.

Cidade/UF, ___ de ____________ de 2024.
_______________________________________
Magistrado(a)


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