Modelo de Impugnação Administrativa ao Desenquadramento do Simples Nacional por Supostos Débitos Fraudulentos: Pedido de Manutenção da Empresa no Regime e Suspensão dos Efeitos do Termo de Exclusão

Publicado em: 15/11/2024 Tributário
Modelo de impugnação administrativa dirigido à Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ), apresentado por empresa optante pelo Simples Nacional surpreendida com notificação de desenquadramento do regime em razão da suposta existência de débitos tributários originados por fraude praticada por terceiros. O documento detalha a regularização tempestiva dos valores e a comunicação ao Fisco, fundamentando o pedido na boa-fé, inexistência de débito regular, necessidade de dilação probatória e princípios constitucionais como contraditório, ampla defesa, razoabilidade e proporcionalidade. Inclui jurisprudências correlatas e requer a suspensão dos efeitos do termo de exclusão, manutenção no Simples Nacional, produção de provas e demais providências legais.
← deslize para o lado para ver mais opções

IMPUGNAÇÃO AO DESEQUADRAMENTO DO SIMPLES NACIONAL

1. ENDEREÇAMENTO

À Delegacia da Receita Federal de Julgamento – DRJ
(Conforme competência recursal estimada para o presente caso)

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Impugnante: E. M. L. S. LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 12.345.678/0001-90, com sede na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], representada por seu sócio-administrador M. F. de S. L., brasileiro, casado, empresário, CPF nº 123.456.789-00, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na mesma sede da empresa.

Impugnada: Receita Federal do Brasil, representada pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, com endereço na Avenida da Justiça Fiscal, nº 500, Bairro Administrativo, CEP 11111-111, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected].

3. DOS FATOS

A Impugnante, empresa regularmente optante pelo regime do Simples Nacional, foi surpreendida com a notificação de abertura de processo administrativo fiscal, cujo objeto é o desenquadramento do Simples Nacional sob a alegação de existência de débitos tributários.

Ocorre que, no período de competência de janeiro a março de 2024, as DAS (Documentos de Arrecadação do Simples Nacional) mensais da Impugnante foram alteradas com valores exorbitantes, de forma fraudulenta, por terceiros não autorizados, o que gerou inconsistências nos valores declarados e recolhidos. Tão logo identificada a fraude, a Impugnante regularizou a situação, retificando as informações e apresentando justificativa formal à Receita Federal, acompanhada de documentos comprobatórios da fraude e da regularização.

Apesar da pronta atuação da Impugnante e da apresentação de esclarecimentos e provas, a Receita Federal, sem conclusão do processo de análise, notificou a empresa acerca do iminente desenquadramento do Simples Nacional, sob o argumento de existência de débitos, desconsiderando a origem fraudulenta dos lançamentos e a posterior regularização.

Ressalta-se que a Impugnante sempre pautou sua conduta pela boa-fé e pela legalidade, não possuindo histórico de inadimplência ou irregularidades fiscais, sendo vítima de ato fraudulento de terceiros, conforme fartamente demonstrado nos autos.

Diante da iminência do desenquadramento e dos graves prejuízos que tal medida pode acarretar à empresa, apresenta-se a presente impugnação, visando à manutenção da Impugnante no regime do Simples Nacional.

4. DO DIREITO

4.1. DO DIREITO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA

O princípio do contraditório e da ampla defesa está consagrado na CF/88, art. 5º, LV, assegurando a todos os litigantes, em processo judicial ou administrativo, o direito de se manifestar e apresentar provas em sua defesa. No presente caso, a Impugnante exerce tal direito ao demonstrar que a suposta inadimplência decorreu de fraude perpetrada por terceiros, já devidamente comunicada e regularizada.

4.2. DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS E SUA RELATIVIZAÇÃO

Os atos administrativos gozam de presunção de legitimidade e veracidade, conforme doutrina e jurisprudência consolidada. Contudo, tal presunção é relativa e pode ser afastada mediante prova em contrário, especialmente quando demonstrada a ocorrência de fraude ou erro material, como no caso em tela.

O CCB/2002, art. 186 prevê que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. No caso, a Impugnante foi vítima de ato ilícito praticado por terceiros, não podendo ser penalizada por conduta que não praticou.

4.3. DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS E DA REGULARIZAÇÃO

A Lei Complementar 123/2006, art. 29, V, estabelece que a exclusão do Simples Nacional poderá ocorrer em caso de existência de débitos tributários. Contudo, a própria legislação exige que tal débito seja regular e exigível, o que não se verifica na hipótese, pois os valores questionados foram lançados de forma fraudulenta e posteriormente corrigidos pela Impugnante, que mantém sua regularidade fiscal.

O princípio da razoabilidade e da proporcionalidade (CF/88, art. 37, caput) impõem à Administração o dever de analisar as peculiaridades do caso concreto, evitando penalizar o contribuinte de boa-fé por conduta alheia à sua vontade.

4.4. DA BOA-FÉ OBJETIVA E DO DEVER DE COOPERAÇÃO

A boa-fé objetiva é princípio basilar do direito tributário e administrativo, impondo às partes o dever de agir com lealdade e transparência. A Impugnante, ao identificar a fraude, prontamente comunicou a Receita Federal e regularizou sua situação, demonstrando total cooperação com o Fisco.

4.5. DA NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA

Considerando a complexidade dos fatos e a necessidade de apuração detalhada da fraude, é imprescindível a produção de prova pericial e doc"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

RELATÓRIO

Trata-se de impugnação apresentada por E. M. L. S. LTDA. em face da Receita Federal do Brasil, objetivando a manutenção da empresa no regime do Simples Nacional, diante de notificação de desenquadramento motivada por supostos débitos tributários.

A impugnante alega que os débitos apontados decorreram de fraude praticada por terceiros em seus documentos de arrecadação (DAS) referentes ao período de janeiro a março de 2024, situação que foi prontamente identificada, comunicada e regularizada junto à Receita Federal, com apresentação de provas documentais.

Apesar da regularização e dos esclarecimentos ofertados, a Administração Tributária notificou a empresa sobre o desenquadramento, sem conclusão da análise quanto à origem fraudulenta dos lançamentos.

Presentes as condições de admissibilidade, conheço da impugnação.

VOTO

1. Da Fundamentação Constitucional e Legal

O art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, impõe ao magistrado o dever de fundamentar todas as decisões, o que faço de forma clara e motivada.

O direito ao contraditório e à ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV) é plenamente aplicável ao processo administrativo fiscal, garantindo à parte impugnante a possibilidade de demonstrar a inexistência de débito tributário regular e exigível, especialmente quando fundada em fatos supervenientes ou oriundos de fraude de terceiros, como relatado nos autos.

O art. 29, V, da Lei Complementar 123/2006, prevê a exclusão do Simples Nacional apenas em caso de existência de débitos tributários regulares e exigíveis. No caso concreto, restou efetivamente comprovado que os lançamentos que ensejaram a notificação administrativa foram originados por fraude comprovada, posteriormente regularizada pela empresa, conforme documentação apresentada.

A presunção de legitimidade dos atos administrativos, embora relevante, não é absoluta, podendo ser afastada diante de prova inequívoca de erro ou fraude, nos termos do art. 186 do Código Civil, e conforme reiterado entendimento jurisprudencial.

Ainda, os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade (CF/88, art. 37, caput) impõem à Administração a análise do caso concreto, evitando penalizações injustas ao contribuinte de boa-fé que, além de vítima de fraude, demonstrou zelo e colaboração ao comunicar e corrigir tempestivamente as inconsistências.

Ressalte-se, por fim, a relevância do princípio da boa-fé objetiva, vetor do direito administrativo e tributário, que deve nortear a relação entre Fisco e contribuinte.

2. Da Análise dos Fatos e Documentos

Dos autos, verifica-se que a impugnante:

  • Foi vítima de fraude praticada por terceiros, que alteraram indevidamente os valores das DAS;
  • Comunicou imediatamente as autoridades fiscais e regularizou a situação, apresentando documentação comprobatória;
  • Não possui histórico de inadimplência ou irregularidades fiscais.

A análise dos documentos apresentados, aliada ao princípio da presunção de boa-fé, corrobora a alegação da empresa de que não deu causa à situação que motivou a notificação de desenquadramento.

3. Da Jurisprudência

A jurisprudência pátria, como exemplifica o acórdão da 3ª Câmara de Direito Público do TJSP (Apelação Cível Acórdão/TJSP), reconhece a necessidade de produção de provas para elucidar eventuais fraudes e resguardar direitos de empresas vítimas de terceiros. Igualmente, decisões do STJ e outros tribunais estaduais reforçam a aplicação dos princípios da razoabilidade e da boa-fé, admitindo a manutenção no Simples Nacional quando demonstrada a regularização dos débitos e a inexistência de má-fé do contribuinte.

4. Da Necessidade (ou não) de Dilação Probatória

Considerando que a impugnante já apresentou documentação suficiente para demonstrar a origem fraudulenta dos débitos e sua regularização, entendo não ser necessária, neste momento, a produção de novas provas, salvo manifestação expressa da Administração em sentido contrário.

DISPOSITIVO

Diante do exposto, com fundamento no art. 93, IX, da CF/88, art. 5º, LV, da CF/88, art. 29, V, da LC 123/2006, art. 186 do Código Civil e demais fundamentos legais mencionados, JULGO PROCEDENTE a presente impugnação para:

  • Reconhecer a inexistência de débito tributário regular e exigível apto a ensejar o desenquadramento da impugnante do Simples Nacional;
  • Determinar a suspensão dos efeitos do termo de exclusão do Simples Nacional referente à empresa E. M. L. S. LTDA., mantendo-a no regime;
  • Ratificar o direito da impugnante à ampla defesa e à produção de provas, caso a Administração entenda serem necessárias para elucidação de eventuais dúvidas remanescentes;
  • Intimar a Receita Federal para ciência e cumprimento da presente decisão.

Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.

Conclusão

Assim voto.

Cidade/UF, data da decisão.

Juiz Relator


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.