Modelo de Defesa Prévia em Ação Penal por Permitir Direção de Veículo a Menor Não Habilitado com Alegação de Inépcia da Denúncia e Ausência de Dolo ou Culpa

Publicado em: 15/04/2025 Direito Penal Processo Penal Trânsito
Modelo de defesa prévia (resposta à acusação), apresentada nos termos do CPP, art. 396-A, por acusado denunciado com base no CP, art. 310 por supostamente permitir que seu enteado menor e não habilitado conduzisse motocicleta de sua propriedade. A peça contesta a denúncia alegando inépcia por ausência de descrição clara da conduta dolosa ou culposa do réu, e sustenta a ausência de justa causa para a ação penal, fundamentando-se em princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e legalidade penal. Inclui pedidos de rejeição da denúncia ou absolvição sumária, além de requerimento de produção de provas.

DEFESA PRÉVIA (OU RESPOSTA À ACUSAÇÃO)

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ____________ – Tribunal de Justiça do Estado de ____________.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, casado, mecânico, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº XX.XXX.XXX-X, residente e domiciliado na Rua X, nº Y, Bairro Z, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), com escritório profissional situado na Rua Tal, nº 123, Bairro Alfa, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar sua

DEFESA PRÉVIA (OU RESPOSTA À ACUSAÇÃO)

nos termos do CPP, art. 396-A, em face da denúncia oferecida pelo Ministério Público, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor.

3. SÍNTESE DOS FATOS

O acusado é padrasto de M. R. da S., adolescente de 17 anos, com quem mantém relação de afeto e convivência familiar em união estável com a genitora do menor. No dia dos fatos, o enteado, sem qualquer autorização ou ciência do acusado, subtraiu a motocicleta de sua propriedade e saiu com o veículo pelas vias públicas.

Durante o trajeto, o menor foi abordado em uma blitz policial, ocasião em que se constatou que ele não possuía habilitação para conduzir motocicleta. Ambos foram conduzidos à Delegacia de Polícia para esclarecimentos.

O Ministério Público ofereceu denúncia contra o acusado, imputando-lhe, em tese, a prática do crime previsto no CP, art. 310 (permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada).

Contudo, a imputação não encontra respaldo nos elementos probatórios constantes dos autos, razão pela qual se apresenta a presente defesa prévia.

4. PRELIMINARES

INÉPCIA DA DENÚNCIA

A denúncia não descreve de forma clara e objetiva a conduta dolosa ou culposa do acusado, limitando-se a afirmar que o mesmo "permitiu" a condução do veículo por pessoa não habilitada, sem indicar qualquer elemento que comprove a ciência ou anuência do acusado quanto à conduta do menor.

Nos termos do CPP, art. 41, a denúncia deve conter a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias. A ausência de descrição clara da conduta do acusado compromete o exercício do contraditório e da ampla defesa, violando a CF/88, art. 5º, LV.

5. DO DIREITO

O tipo penal previsto no CP, art. 310 exige, para sua configuração, que o agente tenha permitido, confiado ou entregado a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com dolo ou culpa.

No caso em tela, não há qualquer elemento que indique que o acusado tenha agido com dolo ou culpa. Ao contrário, o enteado subtraiu a motocicleta sem o conhecimento ou autorização do acusado, o que afasta a tipicidade da conduta.

O princípio da legalidade penal, previsto na CF/88, art. 5º, XXXIX, impõe que não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Assim, não se"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

VOTO

Trata-se de análise de mérito da ação penal movida contra A. J. dos S., denunciado pela suposta prática do crime previsto no CP, art. 310, por, em tese, ter permitido que seu enteado, menor de idade e não habilitado, conduzisse motocicleta de sua propriedade.

Compulsando os autos, verifica-se que o menor subtraiu, sem autorização ou ciência do acusado, a motocicleta e saiu pelas vias públicas, sendo posteriormente abordado em blitz policial. Não há nos autos qualquer elemento probatório que demonstre a ciência, anuência ou omissão culposa do acusado em relação à conduta do menor.

A denúncia limita-se a imputar ao acusado que “permitiu” a condução do veículo, sem indicar de forma precisa os elementos fáticos que embasem tal conclusão. Tal falha compromete a validade da peça acusatória, conforme exige o CPP, art. 41.

O tipo penal descrito no CP, art. 310 exige, para sua configuração, a presença de dolo ou culpa na conduta do agente. A ausência destes elementos descaracteriza a tipicidade penal da conduta.

Ressalto que a responsabilidade penal no ordenamento jurídico brasileiro é subjetiva, não se admitindo responsabilidade objetiva. Neste sentido, o princípio da legalidade penal, previsto na CF/88, art. 5º, inciso XXXIX, impõe que não há crime sem lei anterior que o defina, tampouco pena sem cominação legal.

Ademais, o próprio acusado dirigiu-se espontaneamente à delegacia juntamente com o menor, demonstrando boa-fé e ausência de dolo ou culpa. Tal comportamento reforça a tese defensiva de que não houve qualquer contribuição consciente para a prática do fato imputado.

Sobre o tema, colaciono o seguinte julgado:

“Imprescindível, no âmbito do processo penal, prova sólida que proveja certeza acerca da existência do delito e de sua respectiva autoria para a prolação do decreto condenatório, devendo a íntima convicção do julgador vir apoiada em dados objetivos indiscutíveis, sob pena de se transformar o princípio do livre convencimento em verdadeiro arbítrio.”
(TJRJ - APELAÇÃO Acórdão/TJRJ - Rel. Des. Joaquim Domingos De Almeida Neto - J. em 13/02/2025)

Assim sendo, à luz do princípio do in dubio pro reo e da ausência de justa causa para a ação penal, entendo que não há substrato probatório suficiente a sustentar a acusação.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fulcro no CPP, art. 397, inciso III, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão punitiva estatal e ABSOLVO A. J. dos S. da imputação que lhe foi feita, por ausência de elementos que demonstrem a existência de dolo ou culpa na conduta a ele atribuída.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

É como voto.

Cidade/UF, ___ de ____________ de 2024.

_______________________________________
Magistrado Relator


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