Modelo de Agravo em Execução Contra Indeferimento de Contramandado de Prisão: Reconhecimento de Detração Penal e Autoridade da Sentença do Tribunal do Júri

Publicado em: 18/11/2024 Direito Penal Processo Penal
Modelo completo de Agravo em Execução interposto contra decisão da Vara de Execuções Penais que indeferiu pedido de expedição de contramandado de prisão, mesmo após revogação da prisão preventiva e expedição de alvará de soltura pelo Tribunal do Júri. O recurso fundamenta-se na necessidade de detração penal, nos princípios da proporcionalidade, legalidade, individualização da pena, dignidade da pessoa humana e na autoridade da sentença penal condenatória. Inclui síntese fática, fundamentos jurídicos detalhados, pedidos, jurisprudências e rol de documentos essenciais para a instrução do recurso.

AGRAVO EM EXECUÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do [UF]
Seção de Direito Criminal
Distribuição por dependência à Vara de Execuções Penais da Comarca de [Cidade/UF]

2. PREÂMBULO (QUALIFICAÇÃO DAS PARTES)

J. B. de S., brasileiro, solteiro, profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliado à [endereço completo], endereço eletrônico: [e-mail], por seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato anexo), com escritório profissional à [endereço do advogado], endereço eletrônico: [e-mail do advogado], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente AGRAVO EM EXECUÇÃO com fulcro na Lei 7.210/1984 (LEP), art. 197, e demais dispositivos aplicáveis, em face da decisão proferida pelo MM. Juiz da Vara de Execuções Penais da Comarca de [Cidade/UF], nos autos da execução penal nº 0701[completar], que indeferiu o pedido de expedição de contramandado de prisão, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

3. SÍNTESE FÁTICA

O agravante J. B. de S. esteve preso preventivamente desde 26 de fevereiro de 2023 até 07 de dezembro de 2023, respondendo ao processo nº 07012[completar]. Em 07 de dezembro de 2023, foi submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, sendo condenado à pena de 4 anos, 3 meses e 21 dias de reclusão. Na mesma oportunidade, a prisão preventiva foi revogada por se mostrar desproporcional à pena imposta, conforme decisão expressa do Juiz Substituto, que determinou a expedição imediata de alvará de soltura.

Não obstante, persiste nos autos da execução penal nº 0701[completar] mandado de prisão expedido para cumprimento da pena, em contrariedade à decisão do Tribunal do Júri e ao contexto da dosimetria da pena, considerando o tempo já cumprido em prisão cautelar. O pedido de expedição de contramandado de prisão foi indeferido pelo Juízo da Execução, ensejando o presente recurso.

4. DOS FATOS

O agravante, após responder preso preventivamente por mais de nove meses, foi condenado em 07 de dezembro de 2023 à pena de 4 anos, 3 meses e 21 dias de reclusão. Reconhecendo a desproporcionalidade da manutenção da prisão cautelar diante da pena fixada, o Juízo do Tribunal do Júri revogou a prisão preventiva e determinou a expedição de alvará de soltura, colocando o agravante em liberdade, salvo se por outro motivo estivesse preso.

Contudo, nos autos da execução penal nº 0701[completar], foi expedido mandado de prisão para início do cumprimento da pena, desconsiderando o tempo já cumprido em prisão cautelar e a ordem de soltura emanada do Juízo da condenação. O pedido de expedição de contramandado de prisão foi indeferido sob o argumento de que, com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, impõe-se o início do cumprimento da pena.

Tal decisão ignora o princípio da proporcionalidade e a necessidade de detração penal, bem como afronta a autoridade da decisão do Tribunal do Júri, que reconheceu a suficiência do tempo já cumprido em prisão preventiva para a finalidade cautelar e executória.

5. DO DIREITO

5.1. DA COMPETÊNCIA E CABIMENTO DO AGRAVO EM EXECUÇÃO

O presente recurso é cabível nos termos da Lei 7.210/1984 (LEP), art. 197, que prevê o agravo em execução contra decisões proferidas pelo Juízo da Execução. A competência para julgamento é do Tribunal de Justiça do Estado, conforme entendimento consolidado e a sistemática recursal vigente.

5.2. DA NECESSIDADE DE DETRAÇÃO PENAL

O agravante permaneceu preso preventivamente por período significativo (de 26/02/2023 a 07/12/2023), devendo esse tempo ser obrigatoriamente considerado para fins de detração penal, nos termos do CP, art. 42, e da CF/88, art. 5º, XLVI. A manutenção do mandado de prisão para início do cumprimento da pena, sem considerar o tempo já cumprido, viola o princípio da legalidade e da individualização da pena.

5.3. DA AUTORIDADE DA DECISÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI

O Juízo do Tribunal do Júri, ao proferir a sentença condenatória, expressamente reconheceu a desproporcionalidade da manutenção da prisão cautelar, determinando a expedição de alvará de soltura. A decisão transitou em julgado, vinculando o Juízo da Execução, que não pode contrariar a ordem de soltura sem fundamento legal idôneo, sob pena de violação ao princípio da legalidade (CF/88, art. 5º, II) e ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV).

5.4. DA PROPORCIONALIDADE E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

A manutenção da ordem de prisão para cumprimento de pena já efetivamente cumprida, ainda que parcialmente, afronta os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III). A execução penal deve observar a finalidade ressocializadora da pena e o respeito aos direitos fundamentais do apenado.

5.5. DA ILEGALIDADE DA MANUTENÇÃO DO MANDADO DE PRISÃO

A decisão agravada, ao indeferir a expedição de contramandado de prisão, perpetua situação de ilegalidade, pois impõe ao agravante o cumprimento de pena sem considerar o tempo já cumprido em prisão cautelar e desconsidera a ordem de soltura emanada do Juízo competente. Tal conduta viola o devido processo legal, a individualizaçã"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
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Voto do Relator

I - Breve Relatório

Trata-se de Agravo em Execução interposto por J. B. de S. contra a decisão do Juízo da Vara de Execuções Penais da Comarca de [Cidade/UF], que indeferiu o pedido de expedição de contramandado de prisão, determinando a manutenção do mandado de prisão para início do cumprimento da pena, sem observância do tempo já cumprido em prisão cautelar.

O agravante alega, em síntese, que permaneceu preso preventivamente de 26/02/2023 a 07/12/2023, sendo posteriormente condenado à pena de 4 anos, 3 meses e 21 dias de reclusão, com expedição de alvará de soltura por decisão do Tribunal do Júri, diante da desproporcionalidade da permanência da custódia cautelar. Sustenta a necessidade de detração penal, a afronta à autoridade da decisão do Tribunal do Júri e a violação aos princípios da proporcionalidade, legalidade e dignidade da pessoa humana.

II - Fundamentação

Inicialmente, cumpre ressaltar que o presente recurso preenche os requisitos de admissibilidade, sendo cabível nos termos do art. 197 da Lei de Execução Penal ( Lei 7.210/1984), razão pela qual deve ser conhecido.

II.1. Da Necessidade de Detração Penal

A Constituição Federal, em seu art. 5º, XLVI, e o Código Penal, art. 42, determinam que o tempo de prisão cautelar, no Brasil ou no estrangeiro, deve ser obrigatoriamente abatido da pena privativa de liberdade imposta. No caso em análise, o agravante permaneceu preso preventivamente por mais de nove meses, circunstância que impõe a detração desse período ao cálculo da pena, sob pena de violação ao princípio da individualização da pena.

II.2. Da Autoridade da Decisão do Tribunal do Júri

Ressalto que o Juízo do Tribunal do Júri, ao proferir a sentença condenatória, reconheceu expressamente a desproporcionalidade da manutenção da prisão cautelar, determinando a expedição de alvará de soltura, decisão que transitou em julgado. O Juízo da Execução, por sua vez, não pode contrariar ordem emanada do Juízo de conhecimento sem fundamento legal idôneo, sob pena de afronta ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV) e à legalidade (CF/88, art. 5º, II).

II.3. Da Proporcionalidade e Dignidade da Pessoa Humana

A manutenção da ordem de prisão para cumprimento de pena sem considerar o tempo já cumprido em prisão cautelar afronta os princípios da proporcionalidade, razoabilidade e dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), valores que devem orientar toda a atuação do Poder Judiciário, especialmente na seara penal e de execução penal.

II.4. Da Jurisprudência e Princípios Aplicáveis

A jurisprudência dos tribunais pátrios, a exemplo dos julgados do TJSP (Agravo de Execução Penal Acórdão/TJSP, Rel. Des. Ana Zomer), reafirma a necessidade de observância dos princípios da legalidade, proporcionalidade e individualização da pena. Ademais, a manutenção de custódia ilegal, sem a devida detração, constitui evidente afronta ao devido processo legal e à segurança jurídica.

II.5. Da Obrigatoriedade de Fundamentação das Decisões Judiciais

A Constituição Federal, em seu art. 93, IX, exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. No caso, a decisão agravada não apresentou motivação suficiente para desconsiderar o tempo de prisão cautelar já cumprido, tampouco para afastar a autoridade da sentença do Tribunal do Júri, o que compromete sua validade.

III - Dispositivo

Diante do exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento para cassar a decisão agravada, determinando a expedição de contramandado de prisão em favor do agravante J. B. de S., com o reconhecimento da detração penal do tempo cumprido em prisão cautelar, devendo o Juízo da Execução Penal proceder ao cálculo do saldo remanescente da pena, se houver, observando-se a autoridade da decisão do Tribunal do Júri e os princípios constitucionais e legais acima delineados.

É como voto.

[Local], [Data]

___________________________________
[Nome do Magistrado]
Desembargador Relator


Fundamentação Constitucional

Constituição Federal de 1988, art. 93, IX: "Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, nos casos em que a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação."


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