Modelo de Ação revisional de contrato bancário para reduzir juros abusivos em empréstimo consignado, com pedido de restituição em dobro dos valores pagos a maior e produção de prova pericial

Publicado em: 06/06/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Modelo de petição inicial de ação revisional contra banco, visando a adequação da taxa de juros remuneratórios abusiva à média de mercado, com fundamentação no Código de Defesa do Consumidor, jurisprudência do STJ, pedido de justiça gratuita, restituição em dobro e produção de prova pericial contábil.
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AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, aposentado, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000 SSP/UF, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado à Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade/UF], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor
AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO
em face de Banco X S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 00.000.000/0001-00, com sede na Avenida das Américas, nº 500, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade/UF], endereço eletrônico [email protected], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Autor celebrou com o Réu contrato de empréstimo consignado em [data], no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com pagamento em 60 (sessenta) parcelas mensais, debitadas diretamente de seu benefício previdenciário.

Ocorre que, ao analisar o contrato e os comprovantes de pagamento, o Autor constatou que a taxa de juros remuneratórios pactuada é de 5,99% ao mês (100,99% ao ano), valor este muito superior à média de mercado para operações da mesma natureza, conforme divulgado pelo Banco Central do Brasil à época da contratação (2,76% ao mês e 38,65% ao ano).

Além disso, a planilha anexa demonstra que, caso fosse aplicada a taxa média de mercado, o valor total pago pelo Autor seria substancialmente inferior ao efetivamente exigido pelo Réu, evidenciando a desvantagem exagerada e a onerosidade excessiva imposta ao consumidor.

Ressalte-se que o Autor, pessoa idosa e hipervulnerável, não teve qualquer margem de negociação, limitando-se a aderir às condições impostas unilateralmente pelo Réu, típico contrato de adesão.

Diante da abusividade da taxa de juros, busca o Autor a revisão do contrato, com a adequação dos encargos à taxa média de mercado e a restituição dos valores pagos a maior.

4. DO DIREITO

4.1. DA APLICABILIDADE DO CDC E DA REVISÃO CONTRATUAL

Nos termos do CDC, art. 6º, V, é direito básico do consumidor a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou que se mostrem excessivamente onerosas. O CDC, art. 51, IV, também prevê a nulidade de cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada.

O STJ, Súmula 297, consolidou o entendimento de que o CDC se aplica às instituições financeiras, permitindo a revisão judicial dos contratos bancários, especialmente quando verificada a abusividade dos encargos.

4.2. DA ABUSIVIDADE DA TAXA DE JUROS REMUNERATÓRIOS

A jurisprudência do STJ, Tema 27 (REsp. 1.061.530/RS/STJ) admite a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações excepcionais, quando demonstrada abusividade em relação à média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil.

No caso em tela, a taxa de 5,99% ao mês supera em mais de 100% a média de mercado (2,76% ao mês), conforme planilha comparativa anexa, o que configura desvantagem exagerada e afronta ao princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422).

O princípio do equilíbrio contratual impõe a necessidade de adequação dos encargos à realidade do mercado, evitando-se a exploração do consumidor, especialmente em contratos de adesão e com público vulnerável.

4.3. DA RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS A MAIOR

O CDC, art. 42, parágrafo único, prevê a devolução em dobro dos valores pagos indevidamente, salvo engano justificável, como forma de coibir práticas abusivas e assegurar a efetividade da tutela do consumidor.

A planilha anexa demonstra o montante pago a maior pelo Autor em razão da cobrança de juros abusivos, sendo devida a restituição na forma da lei.

4.4. DA LEGALIDADE DA TARIFA DE CADASTRO

A tarifa de cadastro é admitida, desde que cobrada no início da relação contratual e em conformidade com a Resolução CMN 3.518/2007 e a Súmula 566/STJ. No caso, não se discute a cobrança dessa tarifa, mas sim a abusividade dos juros.

4.5. DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS

A capitalização de juros em periodicidade inferior à anual é admitida para instituições financeiras, desde que expressamente pactuada (Medida Provisória 2.170-36/2001; Súmulas 539 e 541/STJ). Contudo, a abusividade dos juros remuneratórios não pode ser convalidada pela simples previsão contratual.

4.6. DA PLANILHA COMPARATIVA E DA PROVA DA ABUSIVIDADE

A planilha anexa compara os valores pagos pelo Autor com base na taxa contratada e na taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central, evidenciando a onerosidade excessiva. Embora a Calculadora do Cidadão do Bacen seja ferramenta referencial, a jurisprudência admite sua utilização como parâmetro indiciário, devendo ser complementada por prova pericial, caso necessário.

4.7. DOS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

A presente inicial atende aos requisitos do CPC/2015, art. 319, com a exposição dos fatos, fundamentos jurídicos, pedido certo e determinado, valor da causa, provas pretendidas e opção por audiência de conciliação.

Diante do exposto, resta demonstrada a necessidade de revisão do contrato bancário, com adequação dos juros à média de mercado e restitui"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

VOTO

Egrégia Turma,

Trata-se de ação revisional de contrato bancário promovida por A. J. dos S. em face de Banco X S.A., na qual se pretende, em síntese, a revisão da taxa de juros remuneratórios pactuada em contrato de empréstimo consignado, bem como a restituição em dobro dos valores pagos a maior, sob o argumento de que a taxa contratada (5,99% ao mês) é excessivamente superior à média de mercado à época (2,76% ao mês), conforme divulgado pelo Banco Central do Brasil.

O Autor, pessoa idosa e hipervulnerável, sustenta que não teve margem de negociação para os encargos pactuados, caracterizando-se situação de desvantagem exagerada, em típico contrato de adesão, requerendo a adequação das condições contratuais à legislação consumerista e à jurisprudência consolidada.

1. Do Conhecimento do Recurso

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

2. Dos Fatos e do Direito

A controvérsia cinge-se à análise da abusividade da taxa de juros remuneratórios pactuada, seu confronto com a média de mercado, bem como a adequação da cobrança diante dos princípios da boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual.

O contrato firmado prevê taxa de 5,99% ao mês (100,99% ao ano), enquanto a média de mercado, segundo dados oficiais do Banco Central à época, era de 2,76% ao mês (38,65% ao ano). A planilha comparativa anexada demonstra diferença expressiva no montante final desembolsado pelo Autor, o que configura, em tese, onerosidade excessiva.

Nos termos do art. 6º, V, e art. 51, IV, do Código de Defesa do Consumidor, é direito básico do consumidor a modificação de cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais ou que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. Ademais, a Súmula 297/STJ pacificou a aplicação do CDC às instituições financeiras.

O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Tema 27 (REsp Acórdão/STJ), assentou que a revisão das taxas de juros remuneratórios é admitida em situações excepcionais, quando demonstrada a cobrança em patamar significativamente superior à média de mercado.

No presente caso, a diferença entre as taxas é substancial e não houve demonstração, pela instituição financeira, de justificativa plausível para a prática de encargos tão superiores aos praticados pelas demais instituições. O contrato, de adesão, foi imposto ao consumidor sem possibilidade real de negociação, agravando a situação de vulnerabilidade do Autor, idoso e aposentado.

O princípio da boa-fé objetiva (art. 422 do Código Civil) e o princípio do equilíbrio contratual norteiam a relação contratual, impondo ao fornecedor o dever de evitar abusos e práticas que resultem em exploração do consumidor.

A restituição em dobro dos valores cobrados a maior encontra amparo no art. 42, parágrafo único, do CDC, salvo engano justificável, o que não restou configurado nos autos.

As demais tarifas (como a tarifa de cadastro) e a capitalização de juros, não sendo objeto de impugnação, não demandam análise nesta oportunidade.

3. Da Fundamentação Constitucional

O presente voto é proferido em estrita observância ao art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige decisões judiciais fundamentadas, permitindo o controle e o conhecimento dos motivos determinantes da conclusão jurisdicional.

A prestação jurisdicional, assim, encontra respaldo também nos princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa, consagrados constitucionalmente (art. 5º, incisos LIV e LV, CF/88).

4. Da Jurisprudência

O entendimento ora adotado está em consonância com a jurisprudência do STJ e dos Tribunais Estaduais, conforme exemplificam os julgados a seguir:

  • STJ, REsp. Acórdão/STJ, Tema Repetitivo 27: \"É possível a revisão judicial da taxa de juros remuneratórios contratada quando esta exceder significativamente a média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil, configurando desvantagem exagerada ao consumidor.\"
  • TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP: \"No caso concreto, a taxa de juros contratada (5,99% ao mês) excede significativamente a média de mercado à época (2,76% ao mês), configurando abusividade...\"
  • STJ, REsp. Acórdão/STJ: \"A taxa de juros remuneratórios abusiva, que supera significativamente a média de mercado divulgada pelo Banco Central, deve ser reduzida para adequação ao padrão de mercado.\"
  • STJ, EREsp. Acórdão/STJ: \"A repetição em dobro dos valores pagos a maior é cabível quando a cobrança indevida viola a boa-fé objetiva, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC.\"

5. Dispositivo

Diante do exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  • a) Determinar a revisão do contrato bancário firmado entre as partes, adequando a taxa de juros remuneratórios à média de mercado divulgada pelo Banco Central do Brasil à época da contratação;
  • b) Condenar o Réu à restituição em dobro dos valores pagos a maior pelo Autor, a ser apurada em fase de liquidação de sentença, conforme determina o art. 42, parágrafo único, do CDC;
  • c) Condenar o Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 85 do CPC/2015, a serem fixados em liquidação conforme o montante apurado;
  • d) Defiro a produção de prova pericial contábil, caso necessário, para apuração dos valores devidos;
  • e) Defiro os benefícios da justiça gratuita ao Autor, nos termos do art. 98 do CPC/2015;
  • f) Determino a realização de audiência de conciliação/mediação, se houver interesse das partes, conforme art. 319, VII, do CPC/2015.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

[Local], [Data].
[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito

6. Observações Finais

Ressalto que a liquidação do julgado e a apuração dos valores exatos deverão observar os elementos constantes dos autos, especialmente planilhas, extratos e eventual prova pericial, para garantir a estrita justiça no caso concreto.

É como voto.


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