Modelo de Ação de Anulação de Escritura Pública de Doação de Imóvel por Ausência de Outorga Uxória e Vício de Finalidade em Regime de Comunhão Universal de Bens
Publicado em: 04/06/2025 Processo Civil Familia Direito ImobiliárioPETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA PÚBLICA DE DOAÇÃO
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF]
2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
A. J. dos S., brasileiro, casado, engenheiro civil, portador do CPF nº 000.111.222-33, RG nº 1.234.567 SSP/UF, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 123, Bairro Centro, [Cidade/UF], CEP 00000-000, por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA PÚBLICA DE DOAÇÃO em face de M. F. de S. L., brasileira, solteira, estudante, portadora do CPF nº 444.555.666-77, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada na Rua das Palmeiras, nº 456, Bairro Jardim, [Cidade/UF], CEP 11111-111, e de C. E. da S., brasileiro, casado, comerciante, CPF nº 888.999.000-11, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua das Acácias, nº 789, Bairro Bela Vista, [Cidade/UF], CEP 22222-222.
3. DOS FATOS
O autor, A. J. dos S., é casado sob o regime da comunhão universal de bens com M. F. de S. L.. Durante a constância do casamento, ambos adquiriram, em conjunto, o imóvel situado à Rua das Laranjeiras, nº 321, Bairro Nova Esperança, nesta cidade, devidamente registrado sob a matrícula nº 12345 do Cartório de Registro de Imóveis local.
Em [data], o autor tomou conhecimento de que sua esposa, M. F. de S. L., lavrou escritura pública de doação do referido imóvel em favor de C. E. da S., sem a sua ciência, anuência ou assinatura, contrariando o disposto no regime de bens e os princípios que regem a administração do patrimônio comum.
A doação foi motivada por infidelidade conjugal, sendo utilizada como instrumento para beneficiar o terceiro envolvido na relação extraconjugal, em flagrante afronta aos deveres conjugais e à proteção do patrimônio comum do casal. Ressalte-se que o autor jamais anuiu ou participou do ato, tendo sido surpreendido com a transferência do bem de sua copropriedade.
A escritura pública de doação, lavrada sem a outorga uxória do autor, caracteriza vício insanável, tornando o negócio jurídico nulo de pleno direito, conforme será demonstrado a seguir.
Diante da gravidade dos fatos e da violação dos direitos do autor, não restou alternativa senão buscar a tutela jurisdicional para a anulação da escritura pública de doação, restabelecendo-se a integridade do patrimônio comum e a observância dos preceitos legais.
4. DO DIREITO
4.1. DA NULIDADE DA DOAÇÃO SEM OUTORGA UXÓRIA
O Código Civil Brasileiro, em seu CCB/2002, art. 1.647, IV, dispõe que nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta, alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis. A ausência de outorga uxória, portanto, acarreta a nulidade do negócio jurídico, conforme entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência.
O imóvel objeto da doação integra o patrimônio comum do casal, sendo imprescindível a anuência do autor para a validade do ato. A lavratura da escritura pública de doação sem a participação do cônjuge viola frontalmente o regime de bens e os princípios da proteção do patrimônio familiar.
O CCB/2002, art. 104, estabelece que a validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e forma prescrita ou não defesa em lei. A ausência de anuência do cônjuge co-proprietário compromete a manifestação de vontade e a regularidade formal do ato.
4.2. DA INFIDELIDADE E DA VIOLAÇÃO DOS DEVERES CONJUGAIS
A doação realizada por motivo de infidelidade conjugal, com o intuito de beneficiar terceiro estranho à sociedade conjugal, afronta os deveres de lealdade, respeito e proteção do patrimônio comum, previstos no CCB/2002, art. 1.566. Tal conduta caracteriza desvio de finalidade e abuso de direito, ensejando a anulação do negócio jurídico celebrado em prejuízo do cônjuge inocente.
4.3. DA PROTEÇÃO À LEGÍTIMA E À HERANÇA
Ainda que se trate de doação, o CCB/2002, art. 549, veda a doação de mais da metade dos bens do doador, quando este possuir herdeiros necessários, sob pena de nulidade do excesso. O ato impugnado, além de violar a anuência do cônjuge, compromete a legítima dos herdeiros, devendo ser anulado para resguardar os direitos sucessórios.
4.4. DA BOA-FÉ OBJETIVA E DA SEGURANÇA JURÍDICA
O princípio da boa-fé objetiva, consagrado no CCB/2002, art. 422, impõe o dever de lealdade e confiança mútua entre as partes, especialmente no âmbito familiar. A realização de doação sem ciência do cônjuge e por motivo de infidelidade atenta contra a boa-fé e a segurança jurídica, fundamentos essenciais à validade dos negócios jurídicos.
4.5. DA PRESUNÇÃO RELATIVA DE VERACIDADE DA ESCRITURA PÚBLICA
Embora a escritura pública goze de presunção relativa de veracidade, tal presunção cede diante de"'>...
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