Modelo de Réplica à contestação em ação civil contra Uber do Brasil pela desativação unilateral de conta de motorista de aplicativo, pleiteando reativação, lucros cessantes, danos morais e inversão do ônus da prova com...

Publicado em: 06/06/2025 CivelProcesso CivilConsumidorEmpresa
Modelo de réplica à contestação apresentada pela Uber do Brasil Tecnologia Ltda. em ação civil movida por motorista de aplicativo desativado da plataforma sem notificação ou direito à ampla defesa, fundamentada na violação dos direitos ao contraditório, à ampla defesa e à transparência previstos no art. 5º, LV, da Constituição Federal, na Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018) e no Código Civil. A peça impugna as alegações da ré sobre ausência de vínculo empregatício e justifica o pedido de indenização por lucros cessantes, danos morais, reativação da conta e inversão do ônus da prova, com base em jurisprudência do STJ e princípios da boa-fé objetiva.
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RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível da Comarca de __/__ do Tribunal de Justiça do Estado de __.

2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES

C. R. C. G., brasileiro, solteiro, motorista de aplicativo, portador do CPF nº ____, RG nº ____, endereço eletrônico ____@____.com, residente e domiciliado à Rua ____, nº ____, Bairro ____, Cidade/UF, CEP ____, já devidamente qualificado nos autos da ação em epígrafe, que move em face de Uber do Brasil Tecnologia Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº ____, com endereço eletrônico [email protected], com sede à Avenida ____, nº ____, Bairro ____, Cidade/UF, CEP ____, vem, por seu advogado infra-assinado, apresentar sua RÉPLICA À CONTESTAÇÃO pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO

A contestação apresentada pela Uber do Brasil Tecnologia Ltda. sustenta, em síntese, que atua apenas como intermediadora tecnológica entre motoristas e usuários, não havendo vínculo empregatício com o autor, tampouco obrigação de reativar contas desativadas. Alega que o autor foi banido da plataforma sob acusação de assédio sexual, nega a existência de ilicitude ou arbitrariedade na desativação e afirma que os ganhos do autor não eram elevados, baseando-se em meses de baixa produtividade. Por fim, defende a regularidade de seus procedimentos e a inexistência de danos morais ou materiais a serem indenizados, pugnando pela improcedência dos pedidos iniciais.

4. IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS ARGUMENTOS DA CONTESTAÇÃO

Inicialmente, impugna-se veementemente a alegação de que o autor teria praticado assédio sexual, pois não há qualquer elemento concreto nos autos que comprove tal conduta, sendo a desativação fundada em decisão unilateral e automatizada da plataforma, sem oportunizar ao autor o exercício do contraditório e da ampla defesa, em flagrante violação ao CF/88, art. 5º, LV. A Uber não apresentou qualquer prova robusta ou documentação que justifique a medida extrema de banimento, limitando-se a alegações genéricas e sem respaldo fático.

Quanto à suposta média de ganhos do autor, impugna-se a base de cálculo utilizada pela ré, que considerou apenas meses de baixa demanda, ignorando períodos de maior produtividade. Tal metodologia distorce a real média de rendimentos do autor, que, como demonstrado nos documentos anexados à inicial, atingia valores superiores àqueles apontados pela plataforma, sendo legítima a pretensão de lucros cessantes no patamar de R$ 9.000,00 mensais.

Outrossim, impugna-se a afirmação de que a Uber não teria responsabilidade por eventuais danos, pois, ao atuar como gestora da plataforma e detentora do poder de desativação, assume o dever de observar os princípios da boa-fé objetiva, transparência e proteção dos dados pessoais do motorista, nos termos da Lei 13.709/2018, art. 5º, I, art. 12, §2º e art. 20.

5. DOS FATOS

O autor, C. R. C. G., atuava como motorista parceiro da plataforma Uber, exercendo sua atividade de forma regular e com desempenho satisfatório, conforme comprovam os extratos de viagens e avaliações positivas de usuários. Em determinado momento, foi surpreendido com a desativação de sua conta, sob a alegação de prática de assédio sexual, sem que lhe fosse dada oportunidade de defesa ou acesso aos supostos elementos que motivaram a medida.

Tal descredenciamento acarretou prejuízos materiais significativos, pois o autor dependia exclusivamente da plataforma para sua subsistência, tendo sua fonte de renda abruptamente suprimida. Ademais, a Uber, ao contestar, apresentou dados distorcidos sobre os ganhos do autor, baseando-se em meses atípicos e ignorando a média real auferida, que era substancialmente superior.

Ressalte-se que o autor jamais foi formalmente notificado acerca das acusações, tampouco teve acesso ao procedimento interno que resultou em sua exclusão, o que evidencia a ausência de transparência e o desrespeito ao devido processo legal, mesmo em relações de natureza civil e comercial.

6. DO DIREITO

6.1. DA NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA E DA COMPETÊNCIA

Conforme entendimento consolidado pelo STJ, a relação entre motorista e plataforma digital é de natureza civil, não configurando vínculo empregatício, sendo competente a Justiça Comum para o julgamento da demanda (STJ, REsp 2.144.902/MG). Todavia, a ausência de relação trabalhista não exime a plataforma do dever de observar os direitos fundamentais do motorista, especialmente quanto ao contraditório e à ampla defesa, aplicáveis também nas relações privadas (CF/88, art. 5º, LV).

6.2. DO DIREITO AO CONTRADITÓRIO, À AMPLA DEFESA E À TRANSPARÊNCIA

A desativação do perfil do autor, sem prévia notificação e sem possibilidade de defesa, afronta o princípio do contraditório e da ampla defesa, garantidos constitucionalmente (CF/88, art. 5º, LV). A jurisprudência do STJ é clara ao afirmar que, mesmo em relações civis, a eficácia dos direitos fundamentais deve ser assegurada, cabendo à plataforma informar o motorista sobre os motivos do descredenciamento e possibilitar a revisão da decisão (STJ, REsp 2.135.783/DF).

Ademais, a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018, art. 20) garante ao titular dos dados pessoais o direito de exigir a revisão de decisões automatizadas, como a que resultou na exclusão do autor da plataforma, bem como o direito à informação clara"'>...

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VOTO

Relatório

Trata-se de ação movida por C. R. C. G. em face de Uber do Brasil Tecnologia Ltda., na qual o autor alega ter sido banido injustificadamente da plataforma de transporte por suposta prática de assédio sexual, sem que lhe fosse garantido o direito ao contraditório e à ampla defesa. Pleiteia, dentre outros pedidos, a reativação de sua conta, indenização por lucros cessantes e danos morais.
A ré, em sua contestação, defende que atua apenas como intermediadora tecnológica, nega a existência de vínculo empregatício, sustenta a regularidade do procedimento e a inexistência de danos indenizáveis.

Fundamentação

1. Da Fundamentação Constitucional e Legal

O art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988 impõe ao Poder Judiciário o dever de fundamentar todas as decisões, sob pena de nulidade. Ademais, o art. 5º, LV, da CF/88, assegura a todos o direito ao contraditório e à ampla defesa, aplicável inclusive às relações privadas, como já consolidado pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ, REsp Acórdão/STJ).

No caso concreto, restou comprovado que o autor foi banido da plataforma Uber com fundamento em alegação grave, sem que lhe fosse oportunizada defesa prévia, tampouco acesso aos elementos que embasaram a tomada de decisão, sendo esta realizada de forma automatizada, em afronta ao direito à revisão de decisões automatizadas, previsto na Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018, art. 20).

2. Da Natureza da Relação Jurídica

O STJ já pacificou o entendimento de que a relação entre motorista e plataforma digital é de natureza civil, não se configurando vínculo empregatício, sendo competente a Justiça Comum para o julgamento da demanda (REsp Acórdão/STJ). Todavia, essa natureza não exime a plataforma do dever de observar direitos fundamentais do motorista, especialmente quanto ao contraditório, à ampla defesa, à transparência e ao tratamento adequado de dados pessoais.

3. Da Regularidade do Procedimento de Desativação

Verifica-se que a desativação do autor foi procedida de maneira unilateral e automatizada, sem notificação prévia e sem franquear-lhe oportunidade de defesa. Tal conduta viola os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), bem como a transparência exigida pela Lei 13.709/2018 (LGPD), que garante ao titular dos dados o direito de revisão de decisões automatizadas e de acesso às informações que motivaram o descredenciamento.

A ré limitou-se a alegações genéricas, não apresentando elementos robustos que comprovem a veracidade da acusação ou a regularidade do procedimento. Assim, impõe-se a inversão do ônus da prova, por analogia ao CDC, art. 6º, VIII, dada a hipossuficiência informacional do autor frente à plataforma.

4. Dos Lucros Cessantes

Restou demonstrado que o autor dependia da plataforma para subsistência, e a abrupta supressão de sua fonte de renda, sem respaldo em elementos concretos, caracteriza ato ilícito, ensejando o dever de indenizar por lucros cessantes, nos termos do art. 402 do Código Civil. A base de cálculo apresentada pela ré, fundada em meses de baixa demanda, não reflete a real média dos ganhos auferidos pelo autor, conforme comprovado nos autos.

5. Dos Danos Morais

A conduta da ré, ao banir o autor sem permitir defesa ou acesso às provas, ofendeu a dignidade, a honra e a reputação do demandante, resultando em abalo psicológico e constrangimento injustificado, fatos que caracterizam o dever de indenizar por danos morais (CCB/2002, art. 186 e 927).

6. Jurisprudência Aplicável

Conforme precedentes do STJ (REsp Acórdão/STJ; REsp Acórdão/STJ), a eficácia dos direitos fundamentais, especialmente contraditório, ampla defesa e transparência, deve ser assegurada mesmo nas relações privadas e civis. Ademais, a LGPD garante ao titular dos dados o direito de acesso e revisão de decisões automatizadas.

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da CF/88, julgo procedente o pedido inicial para:

  • Determinar à ré a reativação da conta do autor na plataforma, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de multa diária;
  • Condenar a ré ao pagamento de lucros cessantes ao autor, com base na média de R$ 9.000,00 mensais, a serem apurados em liquidação de sentença, desde a data do bloqueio até a efetiva reativação da conta;
  • Condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais, que arbitro em R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
  • Determinar a inversão do ônus da prova, cabendo à ré trazer aos autos todos os documentos e informações relativas ao procedimento de desativação, nos termos da LGPD, art. 20;
  • Condenar a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 15% sobre o valor da condenação (art. 85, §2º, CPC).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Conclusão

É como voto.

Cidade/UF, __ de ________ de 2024.
Juiz de Direito


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