Modelo de Petição de Incidente de Fraude à Execução: Pedido de Anulação de Doação de Imóvel entre Familiares e Penhora com Fundamentação no CPC e CC

Publicado em: 22/11/2024 Civel
Modelo completo de petição para instauração de incidente de fraude à execução, com pedido de anulação de doação de imóvel realizada pelo executado ao seu filho, em contexto de execução de título judicial e insolvência. O documento fundamenta-se nos artigos 792 e 797 do CPC/2015 e 158 do Código Civil, destacando a ineficácia do ato em relação ao credor, a necessidade de retorno do bem ao patrimônio do executado e a decretação de penhora para garantia do crédito. Inclui síntese dos fatos, fundamentos jurídicos, jurisprudência, pedidos e indicação de provas cabíveis. Indicado para execuções cíveis em que haja alienação de bens para burlar a efetividade da execução.

PETIÇÃO DE INCIDENTE DE FRAUDE À EXECUÇÃO COM PEDIDO DE ANULAÇÃO DE DOAÇÃO DE IMÓVEL E PENHORA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível da Comarca de [cidade/UF]
(Processo nº [número do processo])

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, empresário, portador do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], RG nº [xxxxxxx], endereço eletrônico [email], residente e domiciliado na Rua [endereço completo], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor o presente INCIDENTE DE FRAUDE À EXECUÇÃO COM PEDIDO DE ANULAÇÃO DE DOAÇÃO DE IMÓVEL E PENHORA em face de C. E. da S., brasileiro, casado, comerciante, portador do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], endereço eletrônico [email], residente e domiciliado na Rua [endereço completo], e F. C. da S., brasileiro, casado, portador do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], endereço eletrônico [email], residente e domiciliado na Rua [endereço completo], pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

3. SÍNTESE DOS FATOS

O requerente promove ação de cumprimento de sentença em face do executado C. E. da S., visando a satisfação de crédito reconhecido judicialmente. Durante o trâmite da execução, foi identificado que o executado, mesmo residindo em imóvel próprio, procedeu à doação de um apartamento de sua propriedade ao seu filho, F. C. da S., já casado, em momento posterior à constituição do título executivo judicial.

A doação do referido bem imóvel ocorreu em contexto no qual o executado já se encontrava em situação de insolvência, inexistindo outros bens passíveis de constrição judicial, o que evidencia a intenção de frustrar a satisfação do crédito exequendo. Ressalta-se que o imóvel doado representa, na prática, o único patrimônio relevante do executado, o que agrava a situação de prejuízo ao credor.

Diante desse quadro, faz-se necessária a instauração do presente incidente para reconhecimento da fraude à execução, anulação da doação realizada e decretação da penhora sobre o imóvel, a fim de resguardar o direito do exequente e garantir a efetividade da tutela jurisdicional.

4. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A fraude à execução configura-se quando o devedor, já em estado de insolvência ou por ato que o torne insolvente, aliena ou onera bens com o intuito de frustrar a satisfação do crédito reconhecido em juízo. O Código de Processo Civil disciplina a matéria nos seguintes termos:

CPC/2015, art. 792, IV: "A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução quando, ao tempo da alienação ou oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência."

No caso em tela, a doação do imóvel ao filho do executado ocorreu após o ajuizamento da execução e em momento no qual já se encontrava caracterizada a insolvência do devedor, preenchendo-se, assim, os requisitos legais para o reconhecimento da fraude à execução. Ademais, a doação entre familiares próximos, notadamente em contexto de litispendência e ausência de outros bens penhoráveis, afasta a presunção de boa-fé do donatário, conforme entendimento consolidado pela jurisprudência.

Nos termos do CCB/2002, art. 158, "os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos".

O CPC/2015, art. 790, VI também prevê que "são sujeitos à execução os bens cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores".

Assim, a anulação da doação e a decretação da penhora do imóvel são medidas necessárias para evitar o esvaziamento patrimonial do executado e assegurar a efetividade da execução.

5. DO DIREITO

5.1. DA FRAUDE À EXECUÇÃO

A configuração da fraude à execução exige a presença de dois requisitos essenciais: a existência de demanda judicial capaz de reduzir o devedor à insolvência (litispendência) e a alienação ou oneração de bens em contexto de insolvência. Estes requisitos estão presentes no caso concreto, haja vista que a doação do imóvel ocorreu após a constituição do título executivo judicial e em momento no qual o executado já não possuía outros bens para garantir a execução.

O CPC/2015, art. 792, IV e o CCB/2002, art. 158 são claros ao prever a possibilidade de anulação de atos de disposição patrimonial realizados em fraude à execução, tornando-os ineficazes em relação ao credor.

5.2. DA ANULAÇÃO DA DOAÇÃO

A doação realizada pelo executado ao seu filho, em contexto de execução judicial e insolvência, configura ato lesivo aos interesses do credor, devendo ser anulada nos termos do CCB/2002, art. 158. A anulação é medida que se impõe para restabelecer a integridade do patrimônio do devedor e permitir a satisfação do crédito exequendo.

5.3. DA PENHORA DO IMÓVEL

Reconhecida a fraude à execu"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de incidente de fraude à execução, com pedido de anulação de doação de imóvel e penhora, suscitado por A. J. dos S. em face de C. E. da S. e F. C. da S.. O requerente aponta que o executado, no curso de ação de cumprimento de sentença, doou seu único imóvel ao filho, já estando em estado de insolvência, restando frustrada a satisfação do crédito exequendo.

Requer, assim, o reconhecimento da fraude à execução, a anulação da doação, o retorno do bem ao patrimônio do executado e a decretação da penhora sobre o imóvel.

Fundamentação

1. Da Devida Fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade". Assim, passo à devida motivação deste voto.

2. Dos Fatos e Dos Fundamentos Jurídicos

Conforme se extrai dos autos, restou incontroverso que o executado C. E. da S. doou seu único imóvel a seu filho F. C. da S. após a constituição do título executivo judicial e no curso da execução, não dispondo de outros bens penhoráveis.

O art. 792, IV, do CPC/2015 dispõe que "a alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução quando, ao tempo da alienação ou oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência". Igualmente, o art. 158 do Código Civil estabelece que "os negócios de transmissão gratuita de bens, se praticados por devedor já insolvente, poderão ser anulados pelos credores quirografários".

Da análise do contexto fático, verifica-se que a doação foi realizada em momento posterior ao ajuizamento da execução e em contexto de evidente insolvência, o que preenche os requisitos para configuração da fraude à execução: (i) existência de demanda judicial capaz de reduzir o devedor à insolvência (litispendência) e (ii) alienação de bem em estado de insolvência.

Ademais, a doação a familiar próximo, notadamente em contexto de litispendência e ausência de outros bens, afasta a presunção de boa-fé do donatário, nos termos da jurisprudência consolidada (TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP).

O princípio da efetividade da execução, previsto no art. 797 do CPC, impõe ao Judiciário a adoção de todas as medidas necessárias para que o credor obtenha a satisfação de seu crédito. Igualmente, o princípio da boa-fé objetiva veda práticas que frustrem o legítimo direito do credor, sendo incompatível com a conduta do executado que aliena seu único bem a familiar próximo, já em situação de insolvência.

Por fim, o princípio da legalidade (CF/88, art. 5º, II) determina que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei, impondo-se a anulação de atos praticados em afronta à legislação vigente.

3. Da Jurisprudência

Os tribunais pátrios têm reiteradamente reconhecido que a doação de imóvel realizada após o ajuizamento da execução e em contexto de insolvência configura fraude à execução (TJSP, Apelação Cível 1017549-08.2022.8.26.0625; Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP).

Ressalto, por oportuno, que não há notícia nos autos de existência de outros bens penhoráveis que possam garantir a execução, reforçando a necessidade de declaração de ineficácia da doação e de decretação da penhora.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, arts. 792, IV, e 797 do CPC/2015 e art. 158 do Código Civil, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  • Reconhecer a fraude à execução perpetrada pelo executado C. E. da S.;
  • Decretar a ineficácia, em relação ao exequente, da doação do imóvel objeto dos autos, realizada pelo executado em favor de seu filho F. C. da S.;
  • Anular o ato de doação, determinando o retorno do bem ao patrimônio do executado;
  • Determinar a penhora do referido imóvel para garantia da execução;
  • Expedir ofício ao Cartório de Registro de Imóveis para averbação da decisão e da penhora;
  • Condenar os requeridos ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, §2º, do CPC;
  • Deferir a produção de todas as provas em direito admitidas, caso necessário;
  • Intimar as partes para audiência de conciliação/mediação, se entender pertinente.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

[Cidade], [data].

_______________________________________
Juiz de Direito


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