Modelo de Contrarrazões ao recurso de apelação do Ministério Público pleiteando manutenção da sentença absolutória de A. J. dos S. por ausência de provas em crime de lesão corporal recíproca e ameaça conforme CPP, art...

Publicado em: 11/06/2025 Direito Penal Processo Penal
Documento apresenta as contrarrazões ao recurso de apelação interposto pelo Ministério Público contra a sentença absolutória de A. J. dos S. em ação penal por lesão corporal recíproca e ameaça. Argumenta-se a insuficiência de provas, ausência de dolo para ameaça e aplicação do princípio in dubio pro reo, sustentando a manutenção da decisão de primeiro grau com base no CPP, art. 386, VII, e fundamentos constitucionais. Inclui referências jurisprudenciais que reforçam a tese defensiva.
← deslize para o lado para ver mais opções

CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado.

Processo nº: 0000000-00.2024.8.19.0001
Apelante: Ministério Público do Estado
Apelado: A. J. dos S.

A. J. dos S., já devidamente qualificado nos autos, por intermédio de seu advogado, M. F. de S. L., inscrito na OAB/UF sob o nº 000000, com escritório profissional na Rua Exemplo, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], vem, respeitosamente, apresentar suas CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO interposto pelo Ministério Público, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

2. SÍNTESE DO PROCESSO

Trata-se de ação penal movida pelo Ministério Público em face de A. J. dos S., imputando-lhe a prática dos crimes previstos no CP, art. 129, § 13 (lesão corporal recíproca) e CP, art. 147, caput (ameaça), em razão de supostas lesões e ameaças recíprocas entre o réu e a vítima. Após regular instrução processual, sobreveio sentença absolutória, reconhecendo a ausência de provas suficientes para condenação, especialmente quanto ao elemento subjetivo do tipo penal de ameaça, diante da inexistência de animus real de cumprimento, tratando-se de mera bravata, e da reciprocidade das lesões.

O Ministério Público interpôs recurso de apelação, buscando a reforma da sentença para condenação do réu pelos delitos imputados. O presente arrazoado visa demonstrar a correção da sentença absolutória, pugnando pela manutenção da decisão de primeiro grau.

3. DOS FATOS

Conforme narrado nos autos, em data e local especificados na denúncia, A. J. dos S. e a suposta vítima envolveram-se em discussão acalorada, culminando em alegadas agressões físicas recíprocas e proferimento de palavras ameaçadoras. A denúncia imputou ao réu a prática de lesões corporais leves, nos termos do CP, art. 129, § 13, e ameaça, nos termos do CP, art. 147, caput.

Durante a instrução, restou evidenciado que ambos os envolvidos participaram ativamente da altercação, não havendo prova inequívoca de autoria exclusiva ou predominante do réu. Quanto à suposta ameaça, as palavras proferidas não ultrapassaram o campo da mera bravata, não se demonstrando a existência de animus de efetiva intimidação ou intenção de concretizar o mal prometido.

Assim, a sentença reconheceu a insuficiência de provas quanto à autoria e materialidade dos delitos, especialmente diante da dúvida razoável sobre a existência de ameaça idônea e da reciprocidade das lesões, absolvendo o réu com fulcro no CPP, art. 386, VII.

4. DO DIREITO

4.1. DA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA

A sentença de absolvição encontra sólido respaldo no conjunto probatório e nos princípios constitucionais e processuais penais. O CF/88, art. 5º, LVII consagra o princípio da presunção de inocência, impondo à acusação o ônus de provar, de forma cabal, a autoria e materialidade delitivas.

O CPP, art. 386, VII determina a absolvição do acusado quando não houver prova suficiente para a condenação. No caso em tela, a instrução revelou dúvida razoável quanto à existência de ameaça idônea, pois as palavras atribuídas ao réu não passaram de desabafo momentâneo, sem animus de efetiva intimidação, tratando-se de mera bravata, conforme reconhecido na sentença.

O crime de ameaça, previsto no CP, art. 147, caput, exige que a promessa de mal injusto e grave seja séria e idônea, capaz de incutir temor real na vítima. A doutrina e a jurisprudência são firmes ao exigir que o animus de ameaça seja verdadeiro, não bastando meras palavras proferidas em contexto de exaltação ou reciprocidade de ânimos.

Ademais, a reciprocidade das lesões, prevista no CP, art. 129, § 13, exige a demonstração inequívoca de que ambos os envolvidos contribuíram de modo equivalente para o resultado, o que, no caso, não restou suficientemente comprovado para ensejar condenação.

O CPP, art. 155 estabelece o sistema do livre convencimento motivado, segundo o qual o juiz forma sua convicção pela apreciação da prova produzida sob o crivo do contraditório, não se admitindo condenação fundada em meras presunções ou suposições.

4.2. DA INEXISTÊNCIA DE ANIMUS DE AMEAÇA

Para a configuração do delito de ameaça, é imprescindível que a conduta do agente seja dotada de dolo, ou seja, vontade livre e consciente de intimidar a vítima, incutindo-lhe temor real. A mera exaltação de ânimos, típica de discussões acaloradas, não é suficiente para caracterizar o tipo penal, conforme entendimento consolidado do STJ e do TJRJ.

No caso concreto, as palavras atribuídas ao réu, proferidas em contexto de discussão recíproca, não se revestiram de seriedade ou idoneidade para configurar ameaça penalmente relevante, não havendo prova de que a vítima tenha efetivamente sentido temor ou alteração em sua liberdade psíquica.

4.3. DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO

O princípio do in dubio pro reo, corolário do Estado Democrático de Direito, impõe que, diante da dúvida razoável acerca da autoria ou materialidade do delito, deve prevalecer a solução mais favorável ao acusado. Tal entendimento é reiteradamente reconhecido pelo STJ e pelo STF, sendo vedada a condenação com base em meras presunções ou indícios frágeis (CF/88, art. 5º, LVII).

4.4. DA RECIPROCIDADE DAS LESÕES

O CP, art. 129, § 13 prevê a hipótese de lesões corporais recíprocas, exigindo prova robusta da participação ativa de ambos os envolvidos. No caso, a instrução processual não permitiu identificar, de forma inequívoca, a dinâmica dos fatos e a contribuição de cada parte, tornando inviável a condenação.

Dessa forma, a manutenção da absolvição é medida que se impõe, em respeito aos princípios da legalidade, presunção de inocência e do devido processo legal.

5. JURISPRUDÊNCIAS

1. TJRJ (TERCEIRA CÂMARA CRIMINAL) - APELAÇÃO 0006102-36.2021.8.19.0054 - Rel.: Des. Carlos Eduardo Freire Roboredo - J. em 06/02/2024 - DJ 08/02/2024:
"Conjunto probatório que não permite desvendar em concreto, com a necessária dose de certeza, a real dinâmica dos eve"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Cuida-se de recurso de apelação interposto pelo Ministério Público do Estado em face de sentença proferida nos autos do processo nº 0000000-00.2024.8.19.0001, que absolveu o acusado A. J. dos S. da imputação dos crimes previstos nos arts. 129, § 13 (lesão corporal recíproca) e 147, caput (ameaça), ambos do Código Penal. A absolvição fundamentou-se na ausência de provas suficientes para a condenação, especialmente quanto ao elemento subjetivo do tipo penal de ameaça e diante da reciprocidade das lesões.

O Ministério Público, irresignado, pugna pela reforma da sentença, sustentando a existência de provas aptas à condenação do réu pelos delitos narrados na denúncia.

II. Fundamentação

1. Da Motivação do Julgador e do Art. 93, IX, da CF/88

O art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988 impõe ao magistrado o dever de fundamentar suas decisões, resguardando o direito das partes à compreensão clara e objetiva das razões do julgado. Assim, passo a motivar o presente voto, analisando os fatos e o direito aplicável.

2. Dos Fatos

Consta dos autos que, em determinada data, A. J. dos S. e a suposta vítima envolveram-se em discussão acalorada, resultando em alegadas agressões físicas recíprocas e ameaças verbais. A denúncia imputou ao réu a prática de lesões corporais leves e ameaça.

Durante a instrução, restou comprovado que ambos os envolvidos participaram ativamente da altercação, não havendo prova inequívoca de autoria exclusiva ou predominante do réu. Em relação à suposta ameaça, verificou-se que as palavras proferidas não ultrapassaram o campo da mera bravata, sem demonstrar animus real de intimidação.

3. Do Direito

3.1. Da Presunção de Inocência e Ônus da Prova

O art. 5º, LVII, da Constituição Federal consagra o princípio da presunção de inocência, impondo à acusação o ônus de demonstrar, de forma irrefutável, a autoria e materialidade dos delitos.

O art. 386, VII, do Código de Processo Penal determina a absolvição do acusado quando não houver prova suficiente para a condenação, sendo vedada a condenação com base em meras presunções ou indícios frágeis.

3.2. Do Crime de Ameaça (CP, art. 147, caput)

A jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais Estaduais exige que, para configuração do delito de ameaça, haja a efetiva intenção de intimidar a vítima (animus), não sendo suficiente a prolação de palavras em momentos de exaltação ou reciprocidade de ânimos.

No caso concreto, as palavras atribuídas ao réu não se revestiram da seriedade e idoneidade necessárias à configuração do tipo penal, tampouco se demonstrou que a vítima tenha efetivamente se sentido ameaçada ou experimentado restrição em sua liberdade psíquica.

3.3. Da Lesão Corporal Recíproca (CP, art. 129, § 13)

A hipótese de lesões recíprocas exige prova robusta de participação ativa de ambos. A instrução não permitiu identificar, de forma inequívoca, a dinâmica dos fatos e a contribuição de cada parte, tornando inviável a condenação.

3.4. Do Princípio do In Dubio Pro Reo

O princípio do in dubio pro reo, corolário do Estado Democrático de Direito, impõe que, em caso de dúvida razoável acerca da autoria ou materialidade do delito, deve prevalecer a solução mais favorável ao acusado, conforme reiteradas decisões do STJ e STF.

3.5. Da Jurisprudência

Os tribunais pátrios têm decidido pela absolvição quando não há comprovação cabal da intenção de ameaçar ou da autoria inequívoca das lesões, como se observa das seguintes ementas:

  • “Conjunto probatório que não permite desvendar em concreto, com a necessária dose de certeza, a real dinâmica dos eventos... suficientes para atrair o postulado do in dubio pro reo... Recurso defensivo a que se dá provimento, a fim de absolver o apelante da imputação do crime de ameaça, com fulcro no CPP, art. 386, VII.” (TJRJ, Acórdão/TJRJ)
  • “A prova é frágil e não demonstrou o dolo do denunciado... Aplica-se o princípio in dubio pro reo e, por conseguinte, impõe-se a absolvição do acusado.” (TJRJ, Acórdão/TJRJ)

III. Dispositivo

Diante do exposto, em consonância com o art. 93, IX, da Constituição Federal, CONHEÇO do recurso de apelação interposto pelo Ministério Público, mas NEGO-LHE PROVIMENTO, mantendo integralmente a sentença absolutória proferida em favor de A. J. dos S., nos termos do art. 386, VII, do Código de Processo Penal.

É como voto.

IV. Certidão de Julgamento

Sessão de julgamento realizada em 15 de julho de 2024.

___________________________________
Desembargador Relator


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.