Modelo de Alegações finais em defesa de servidor público federal acusado de organização criminosa e estelionato previdenciário, fundamentadas na ausência de dolo, boa-fé e presunção de legitimidade dos atos administrativ...
Publicado em: 03/06/2025 Direito Penal Processo PenalALEGAÇÕES FINAIS
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de _____________, Seção Judiciária do Estado de ____________.
2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DO PROCESSO
Processo nº: ____________
Acusado: A. J. dos S.
Denunciados: T. T. M. e D. S. L.
Ministério Público Federal
Advogado: M. F. de S. L. – OAB/UF ______
Endereço eletrônico do advogado: ______________
Endereço do acusado: ______________
CPF: ______________
Estado civil: ______________
Profissão: Servidor Público Federal
3. SÍNTESE DOS FATOS
No dia 23 de abril de 2024, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra o ora acusado, A. J. dos S., e outros, imputando-lhes a prática dos crimes previstos no CP, art. 171, §3º (“obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento, com aumento de pena se cometido em detrimento de entidade de direito público”) e no CP, art. 288 (“associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes”).
Segundo a denúncia, teria havido a formação de organização criminosa com o objetivo de fraudar concessões de benefícios previdenciários rurais, mediante uso de documentação supostamente falsa, sendo o acusado servidor do INSS responsável por “puxar” processos da fila do sistema “MEU INSS” e conceder benefícios indevidos, em conluio com os demais denunciados.
O acusado, no exercício regular de suas funções, apenas despachava os processos que lhe eram atribuídos, analisando a documentação apresentada, a qual, à sua vista, era dotada de fé pública, incluindo autodeclarações, declarações de entidades de classe, notas fiscais e fichas de atendimento de saúde, entre outros. Ressalte-se que a atuação do servidor estava condicionada ao cumprimento de metas institucionais e à observância das Instruções Normativas e Ordens de Serviço do INSS.
4. PRELIMINARES
4.1. Da Ausência de Nulidades Processuais
Não há nos autos qualquer nulidade capaz de macular o devido processo legal, sendo certo que todos os atos processuais foram regularmente praticados, com observância ao contraditório e à ampla defesa, conforme CF/88, art. 5º, LV.
4.2. Da Inexistência de Prejuízo (Pas de Nullité Sans Grief)
Eventuais alegações de nulidade devem ser acompanhadas da demonstração de efetivo prejuízo, nos termos do CPP, art. 563. No presente feito, não se verifica qualquer prejuízo à defesa, razão pela qual não há que se falar em nulidade de atos processuais.
5. DO MÉRITO
5.1. Da Atuação Regular do Servidor Público
O acusado, no exercício de sua função pública, limitou-se a analisar e despachar processos administrativos de concessão de benefícios previdenciários, sempre com base na documentação apresentada e em conformidade com as normas internas do INSS. Não há qualquer elemento nos autos que demonstre dolo, fraude ou conluio do acusado para obtenção de vantagem ilícita.
5.2. Da Ausência de Dolo e de Vantagem Ilícita
Para a configuração do crime previsto no CP, art. 171, exige-se o dolo específico de obter vantagem ilícita, mediante induzimento em erro. No caso, o acusado agiu de boa-fé, confiando na veracidade dos documentos apresentados, os quais, inclusive, gozam de presunção de legitimidade e fé pública. Não há prova de que o acusado tenha participado de qualquer ardil ou artifício para fraudar o sistema previdenciário.
5.3. Da Inexistência de Associação Criminosa
A denúncia não logrou demonstrar a existência de vínculo associativo estável e permanente entre o acusado e os demais denunciados para o fim específico de cometer crimes, como exige o CP, art. 288. A mera atuação funcional, sem demonstração de liame subjetivo e objetivo para a prática de crimes, não autoriza a condenação pelo delito de associação criminosa.
5.4. Da Observância das Normas Administrativas
O acusado atuou em estrita observância às Instruções Normativas e Ordens de Serviço do INSS, não lhe competindo realizar juízo de valor sobre a veracidade dos documentos que, à primeira vista, estavam regulares e aptos à concessão do benefício. Ressalte-se, ainda, que o cumprimento de metas institucionais é exigência imposta pela própria autarquia, não podendo ser interpretado como elemento de culpabilidade.
6. DO DIREITO
6.1. Princípios Constitucionais e Processuais
O devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV), o contraditório e a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV) são garantias fundamentais asseguradas ao acusado, que devem nortear toda a persecução penal. Ademais, a presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) impõe que a condenação somente possa ocorrer diante de prova robusta e inequívoca de autoria e materialidade delitivas.
6.2. Ônus da Prova e In Dubio Pro Re"'>...
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