Jurisprudência em Destaque
Análise Jurídica da Decisão do STJ sobre a Responsabilidade da Eletropaulo no Vazamento de Dados Pessoais: Aplicação da LGPD e Excludente de Responsabilidade
Doc. LEGJUR 241.2090.8421.7298
1 - A controvérsia jurídica consiste em definir se o vazamento de dados pessoais não sensíveis do titular, decorrente de atividade alegadamente ilícita, é passível de imputar ao agente de tratamento de dados as obrigações previstas no Lei 13.709/2018, art. 19, II, da LGPD, ou se o fato de tal vazamento ter decorrido de atividade ilícita seria uma excludente de responsabilidade, prevista no Lei 13.709/2018, art. 43, III, da LGPD. ... ()

Comentário/Nota
COMENTÁRIO JURÍDICO SOBRE O ACÓRDÃO DA TERCEIRA TURMA DO STJ
ANÁLISE DA DECISÃO
O presente comentário aborda o julgamento do Recurso Especial nº 2147374-SP pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no qual foi discutida a responsabilidade da Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A. pelo vazamento de dados pessoais não sensíveis. A controvérsia girou em torno da aplicação da excludente de responsabilidade prevista na Lei Geral de Proteção de Dados ( Lei 13.709/2018), especificamente no art. 43, III.
O tribunal, de forma unânime, concluiu que a ausência de comprovação pela recorrente de que o incidente decorreu exclusivamente de ataque hacker impossibilitou a aplicação da referida excludente. Além disso, enfatizou-se a obrigação do agente de tratamento de dados de adotar medidas de segurança adequadas, nos termos da própria LGPD.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A decisão está solidamente fundamentada na responsabilidade objetiva dos agentes de tratamento de dados prevista na LGPD. O art. 43, III, da referida lei prevê a possibilidade de exclusão de responsabilidade em situações de culpa exclusiva de terceiros, como em ataques cibernéticos. Contudo, a Terceira Turma exigiu o cumprimento rigoroso do ônus probatório, determinando que caberia à empresa demonstrar que o incidente foi causado exclusivamente por fatores externos e imprevisíveis, o que não ocorreu no presente caso.
Ademais, a ausência de comprovação de compliance, bem como de medidas de segurança eficazes, foi considerada uma violação à "expectativa de legítima proteção" dos titulares dos dados, conforme delineado na LGPD. A decisão reforça os artigos 18 e 19 da LGPD, que garantem aos titulares o direito de obter informações completas sobre o tratamento de seus dados pessoais.
CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS
A decisão do STJ possui significativa repercussão prática, especialmente no que tange à implementação e fiscalização das normas de proteção de dados no Brasil. Ao impor um elevado padrão de diligência para agentes de tratamento de dados, o tribunal reforça a necessidade de empresas e instituições adotarem políticas robustas de segurança da informação e compliance.
Do ponto de vista jurídico, a decisão também sinaliza a aplicação rigorosa da LGPD, tanto no aspecto da responsabilidade objetiva quanto na análise de excludentes de responsabilidade. A interpretação restritiva do art. 43, III, da LGPD demonstra o compromisso do Judiciário em proteger os direitos fundamentais relacionados à privacidade e à proteção de dados, previstos no CF/88, art. 5º, X.
CRÍTICAS E ELOGIOS
A decisão merece elogios por consolidar uma jurisprudência que valoriza a segurança da informação e a proteção dos direitos dos titulares de dados. Ao exigir que a recorrente comprove a adoção de medidas de segurança adequadas, o tribunal eleva o nível de responsabilidade das empresas, incentivando a conformidade com a legislação vigente.
Contudo, a ausência de critérios objetivos claros para a comprovação de "medidas de segurança adequadas" pode gerar insegurança jurídica para os agentes de tratamento de dados. Nesse ponto, seria desejável que o Poder Judiciário ou mesmo a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) estabelecessem parâmetros mais detalhados para orientar as empresas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a decisão da Terceira Turma do STJ representa um marco relevante na consolidação da LGPD no ordenamento jurídico brasileiro. Ao estabelecer um padrão elevado de responsabilidade para os agentes de tratamento de dados, o tribunal reforça a importância da proteção da privacidade em uma sociedade cada vez mais digitalizada.
Os reflexos futuros dessa decisão podem incluir uma maior conscientização por parte das empresas quanto à importância do compliance e da segurança da informação, além de um possível aumento no número de ações judiciais relacionadas a incidentes de vazamento de dados. Por fim, destaca-se a necessidade de um diálogo contínuo entre os operadores do Direito e a ANPD para o aprimoramento da regulamentação e da jurisprudência sobre o tema.
Outras notícias semelhantes

STJ Reconhece Dano Moral por Divulgação Indevida de Dados Pessoais sem Consentimento
Publicado em: 01/12/2024 CivelConsumidorDecisão do STJ condena gestor de banco de dados por disponibilizar informações cadastrais e de adimplemento a terceiros consulentes sem consentimento prévio. A prática viola a Lei do Cadastro Positivo e a LGPD, configurando dano moral presumido.
Acessar
Análise Jurídica de Decisão sobre Ação Rescisória à Luz da Súmula nº 343 do STF: Segurança Jurídica e Controvérsias de Interpretação
Publicado em: 17/03/2025 CivelConsumidorCivelProcesso Civil Direito PrevidenciárioO documento apresenta um comentário jurídico detalhado sobre a decisão proferida em embargos de divergência pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), envolvendo a aplicação da Súmula nº 343 do STF. A análise aborda a impossibilidade de utilização da ação rescisória para anular decisões baseadas em interpretações jurídicas divergentes à época do julgamento, considerando aspectos como segurança jurídica, natureza indenizatória do auxílio-cesta-alimentação e os impactos no ordenamento jurídico. A decisão reafirma a estabilidade das decisões transitadas em julgado e os limites da revisão judicial em face de mudanças jurisprudenciais posteriores.
Acessar
Análise Jurídica da Decisão do STJ Sobre Aplicação Conjunta das Leis de Improbidade Administrativa e Anticorrupção
Publicado em: 17/03/2025 CivelConsumidorCivelProcesso Civil Direito Previdenciário AdministrativoConstitucionalEste documento apresenta um comentário jurídico detalhado sobre a decisão da Primeira Turma do STJ relacionada à aplicação conjunta da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) e da Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013). A análise aborda temas como ausência de negativa de prestação jurisdicional, o princípio do non bis in idem, compatibilidade das sanções e as implicações práticas da interpretação das leis. O documento também discute os fundamentos jurídicos da decisão, as críticas à possível complexidade processual e os reflexos no ordenamento jurídico, com ênfase na proteção da moralidade administrativa e no fortalecimento do combate à corrupção.
AcessarTransforme seu escritório de advocacia com informações legais atualizadas e relevantes!
Olá Advogado(a),
Você já pensou sobre o tempo e os recursos que gasta pesquisando leis, jurisprudências e doutrinas para os seus casos? Já se imaginou otimizando esse processo de forma eficiente e segura?
Então, temos algo em comum. O LegJur foi criado pensando em você, no advogado moderno que não pode se dar ao luxo de perder tempo em um mercado tão competitivo.
Por que o LegJur é a solução que você precisa?
1. Conteúdo Atualizado: Nosso banco de dados é atualizado constantemente, oferecendo as informações mais recentes sobre legislações, súmulas e jurisprudências.
2. Fácil Acesso: Uma plataforma simples e intuitiva que você pode acessar de qualquer dispositivo, a qualquer momento. Seu escritório fica tão flexível quanto você.
3. Busca Inteligente: Nosso algoritmo avançado torna sua pesquisa rápida e eficaz, sugerindo temas correlatos e opções para refinar sua busca.
4. Confiabilidade: Nosso time de especialistas trabalha incansavelmente para garantir a qualidade e a confiabilidade das informações disponíveis.
5. Economia de Tempo: Deixe de lado as horas de pesquisa em múltiplas fontes. Aqui, você encontra tudo o que precisa em um só lugar.
Invista no seu maior capital: o tempo
Você já deve saber que o tempo é um dos ativos mais preciosos na advocacia. Utilize o LegJur para maximizar sua eficiência, oferecendo ao seu cliente uma consultoria de alto nível fundamentada em informações confiáveis e atualizadas.
Depoimentos
"O LegJur transformou a forma como faço minha pesquisa jurídica. Agora, posso concentrar-me mais no desenvolvimento de estratégias para meus casos e menos na busca de informações."
— Maria L., Advogada
Não perca mais tempo! Torne-se membro do LegJur e eleve sua prática jurídica a um novo patamar.
Faça parte da evolução na advocacia. Faça parte do LegJur.
Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.
À vista
Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 3x sem juros
Equilave a R$ 39,96 por mês
Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 6x sem juros
Equilave a R$ 32,48 por mês
Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 6x sem juros
Equilave a R$ 24,90 por mês
Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!
Parcele em até 10x sem juros