Decisão do STJ sobre inscrição de devedores em cadastros de inadimplentes na execução fiscal: possibilidade judicial e extrajudicial à luz do devido processo legal e fundamentos legais aplicáve...
Publicado em: 22/04/2025 Processo CivilTESE
A possibilidade de inscrição do devedor em cadastros de inadimplentes (como o SERASA), no âmbito de execuções fiscais, pode ser determinada por decisão judicial, visando a efetividade na satisfação do crédito público. A medida, no entanto, não é obrigatória, uma vez que o credor pode realizar a inscrição diretamente, sem necessidade de ordem judicial. (Link para o acórdão: Acórdão 197.8112.2000.1500)
ESTUDO DOUTRINÁRIO
A doutrina tem debatido amplamente o papel do Judiciário na execução fiscal e sua compatibilidade com o princípio do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV). Especialistas destacam que a prática de determinar a inscrição em cadastros de inadimplentes é uma tentativa de modernizar os mecanismos de cobrança do crédito público, conferindo maior coercitividade à execução fiscal. Contudo, há críticas sobre a possibilidade de violação aos direitos do executado, como o direito à ampla defesa e ao contraditório (CF/88, art. 5º, LV), sobretudo em questões de cunho extrajudicial.
COMENTÁRIO EXPLICATIVO
A decisão do STJ, ao afetar o tema sob o rito dos recursos repetitivos, busca solucionar um problema frequente na prática judiciária: a multiplicidade de interpretações sobre os poderes do juiz em execuções fiscais. Determinar a inscrição em cadastros de inadimplentes pode, em tese, agilizar o processo de recuperação dos créditos públicos, mas é necessário ponderar a proporcionalidade e razoabilidade da medida, evitando abusos que possam prejudicar o devedor de forma desnecessária.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
CF/88, art. 5º, LIV e LV, que garantem o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa.
FUNDAMENTO LEGAL
Lei 6.830/1980, art. 1º, que rege as execuções fiscais, e CPC/2015, art. 139, IV, que confere ao juiz poderes para tomar medidas necessárias à efetivação das decisões judiciais.
SÚMULAS APLICÁVEIS
Não há súmulas diretamente aplicáveis ao tema até o momento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão do STJ é relevante, pois busca uniformizar a jurisprudência sobre um tema de grande impacto prático e jurídico. A medida pode trazer maior segurança jurídica e eficiência na cobrança de créditos públicos, mas também exige cautela na aplicação pelos magistrados. O reconhecimento do direito do credor de realizar a inscrição diretamente, sem ordem judicial, reforça a autonomia das partes e evita a sobrecarga do Judiciário. Por outro lado, a determinação judicial de inclusão do devedor em cadastros de inadimplentes deve observar os limites constitucionais e legais, a fim de proteger os direitos fundamentais do executado.
ANÁLISE CRÍTICA
A decisão do STJ apresenta uma argumentação sólida ao buscar um equilíbrio entre a efetividade da execução fiscal e os direitos do devedor. No entanto, a inclusão do devedor em cadastros de inadimplentes por ordem judicial pode ser considerada uma medida drástica, especialmente em casos em que o débito é de valor reduzido ou quando há discussão judicial sobre a exigibilidade do crédito. A previsão de que o credor pode adotar tal medida sem ordem judicial é positiva, pois desburocratiza o processo e reafirma a possibilidade de atuação extrajudicial no âmbito da execução fiscal. Em termos práticos, a uniformização da jurisprudência pelo STJ certamente terá reflexos significativos, contribuindo para a padronização de procedimentos em todo o país e reduzindo a insegurança jurídica. Contudo, será necessário um acompanhamento rigoroso para evitar abusos e garantir que a medida seja aplicada de forma proporcional e razoável.
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