Condições legais para entrada forçada em domicílio sem mandado judicial em caso de flagrante delito e consequências jurídicas da ilegalidade
Publicado em: 13/09/2024 Processo PenalTESE DOUTRINÁRIA EXTRAÍDA DO ACÓRDÃO
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados.
COMENTÁRIO EXPLICATIVO
Esta tese, fixada pelo Supremo Tribunal Federal no Tema 280 de Repercussão Geral, consolida o entendimento de que a inviolabilidade domiciliar, prevista constitucionalmente, pode ser relativizada apenas diante de fundadas razões que indiquem a ocorrência de flagrante delito. O ingresso forçado carece de robusta justificativa, que deve ser demonstrada e aferida posteriormente, sob pena de responsabilização dos agentes públicos e decretação de nulidade processual. Tal diretriz busca resguardar o direito fundamental à intimidade e evitar abusos de autoridade.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
CF/88, art. 5º, XI – “A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.”
FUNDAMENTO LEGAL
CPP, art. 240, §1º e §2º – Disciplina as hipóteses e requisitos para a busca domiciliar, exigindo a existência de elementos concretos que justifiquem a medida.
SÚMULAS APLICÁVEIS
Não há súmula específica do STJ ou STF sobre o tema, mas a orientação segue a linha do RE Acórdão/STF (Tema 280/STF).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relevância desta tese reside na proteção contra arbitrariedades estatais, ao exigir motivação idônea para afastar a garantia da inviolabilidade domiciliar. O precedente impõe rigor na análise judicial das circunstâncias que ensejaram a entrada forçada, estimulando o controle de legalidade e coibindo práticas abusivas. No futuro, a tendência é que decisões anulem provas obtidas sem a devida fundamentação, fortalecendo as garantias individuais e o devido processo legal.
ANÁLISE CRÍTICA
Os fundamentos jurídicos desta tese repousam na ponderação entre interesses coletivos (repressão à criminalidade) e direitos fundamentais (inviolabilidade do domicílio). A argumentação é consistente, pois condiciona a mitigação de um direito fundamental à demonstração concreta de situação excepcional (flagrante delito), exigindo a posterior fiscalização judicial. A consequência prática é a elevação do padrão probatório para legitimidade da medida, dificultando abusos e reforçando a necessidade de atuação estatal pautada na legalidade estrita. Do ponto de vista processual, a tese limita o uso de provas ilícitas e reforça o controle jurisdicional sobre a atuação policial.
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