
A Responsabilidade Civil das Plataformas Digitais no Brasil: Análise Jurídica sobre Discursos de Ódio e Desinformação
Este artigo examina a responsabilidade civil das plataformas digitais no Brasil diante da disseminação de discursos de ódio e desinformação. Com base em fundamentos constitucionais, doutrinários e legais, o texto explora os desafios jurídicos relacionados à moderação de conteúdos ilícitos, à aplicação das teorias de responsabilidade subjetiva e objetiva, e à conciliação entre direitos fundamentais, como a liberdade de expressão e os direitos da personalidade. A análise inclui o Marco Civil da Internet, o Código Civil Brasileiro e a Lei Geral de Proteção de Dados, destacando a necessidade de avanços legislativos e tecnológicos para regulamentar o ambiente digital de maneira mais eficaz.
Publicado em: 01/03/2025 CivelConstitucionalConsumidorA RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PLATAFORMAS DIGITAIS DIANTE DE DISCURSOS DE ÓDIO E DESINFORMAÇÃO NO BRASIL
INTRODUÇÃO
As plataformas digitais desempenham um papel central na disseminação de informações, o que as torna atores fundamentais no contexto da comunicação contemporânea. No entanto, o crescimento exponencial dessas tecnologias trouxe consigo desafios jurídicos significativos, especialmente no que se refere à disseminação de discursos de ódio e desinformação. O presente artigo busca analisar a responsabilidade civil dessas plataformas no Brasil, com base em fundamentos constitucionais, doutrinários e legais.
FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS
O tema da responsabilidade civil das plataformas digitais está intrinsecamente ligado a princípios constitucionais fundamentais. A Constituição Federal de 1988 (CF/88) consagra, em seu art. 5º, incisos IV e IX, o direito à livre manifestação do pensamento e da expressão. Contudo, tais direitos não são absolutos, sendo vedado o anonimato (CF/88, art. 5º, IV) e garantido o direito de resposta proporcional ao agravo (CF/88, art. 5º, V).
Além disso, o art. 5º, inciso X, da CF/88, assegura a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, prevendo a possibilidade de reparação em caso de violação. Assim, o desafio reside em equilibrar o direito à liberdade de expressão com a proteção aos direitos da personalidade, especialmente no ambiente virtual.
CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil é um instituto jurídico que busca assegurar a reparação de danos causados a terceiros. No Brasil, a responsabilidade civil pode ser classificada como subjetiva ou objetiva, conforme previsto no Código Civil Brasileiro de 2002 (CCB/2002).
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA
Na responsabilidade subjetiva, exige-se a comprovação de culpa ou dolo do agente causador do dano, conforme disposto no CCB/2002, art. 186. No contexto das plataformas digitais, a aplicação dessa modalidade de responsabilidade pode ser complexa, especialmente diante da dificuldade de identificar se houve omissão culposa na moderação de conteúdos ilícitos.
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
Por outro lado, a responsabilidade objetiva, prevista no CCB/2002, art. 927, parágrafo único, independe da comprovação de culpa, bastando a existência de uma atividade de risco que tenha causado dano a terceiros. Algumas interpretações doutrinárias defendem que as plataformas digitais, por exercerem controle sobre os conteúdos veiculados, podem ser enquadradas no conceito de atividade de risco.
DISCURSOS DE ÓDIO E DESINFORMAÇÃO NO AMBIENTE DIGITAL
O discurso de ódio e a desinformação são fenômenos que desafiam as estruturas jurídicas tradicionais. O primeiro refere-se a manifestações que incitam discriminação, violência ou preconceito contra determinados grupos, enquanto o segundo envolve a disseminação de informações falsas ou enganosas, muitas vezes com o obje...