Modelo de Memoriais em ação revisional contra Banco do Brasil por venda casada, juros abusivos, repetição de indébito e danos morais de consumidor idoso e hipervulnerável, com pedido de tutela de urgência
Publicado em: 12/06/2025 Processo CivilConsumidorMEMORIAIS – AÇÃO REVISIONAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de __ do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES
Autor: J. C. da C., brasileiro, divorciado, aposentado, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000, profissão: aposentado, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado à Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, Município de __, Estado do Rio de Janeiro, CEP 00000-000.
Réu: Banco do Brasil S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 00.000.000/0001-91, com sede na Rua do Banco, nº 1, Centro, Município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].
3. SÍNTESE DOS FATOS
O autor, J. C. da C., aposentado, foi diagnosticado com câncer de bexiga, o que agravou substancialmente suas despesas médicas e comprometeu sua renda mensal. Em situação de superendividamento, buscou junto ao Banco do Brasil S.A. a renegociação de empréstimos anteriores, sendo induzido a assinar novo contrato, cujas parcelas mensais alcançaram o valor de R$ 4.791,18.
Além disso, passou a sofrer descontos mensais de R$ 253,49 referentes a consórcio não solicitado, caracterizando venda casada, prática vedada pelo ordenamento jurídico. O banco reteve, ainda, R$ 13.921,34 no ato da contratação, prometendo devolução apenas ao final do contrato, mas computando tal valor no saldo devedor, o que o autor considera indevido.
O contrato, com juros considerados abusivos, resultou em saldo devedor final de R$ 344.964,96, comprometendo a subsistência do autor, que alega já ter quitado o débito. Pleiteou liminarmente a suspensão dos descontos, reconhecimento da quitação ou revisão do contrato, devolução em dobro dos valores retidos e do consórcio não contratado, bem como indenização por danos morais.
O banco réu permaneceu revel, não apresentando contestação, apesar de regularmente citado. Foi realizada perícia contábil, confirmando a existência de práticas abusivas e descontos não autorizados.
4. DOS PEDIDOS DO AUTOR
O autor, em sua petição inicial, formulou os seguintes pedidos:
- a) Concessão de tutela de urgência para suspender imediatamente os descontos em folha relativos ao contrato e ao consórcio não contratado;
- b) Reconhecimento da quitação do contrato ou, subsidiariamente, revisão das cláusulas contratuais, com redução dos juros aos patamares legais;
- c) Declaração de nulidade da venda casada e devolução em dobro dos valores descontados a título de consórcio não contratado, nos termos do CDC, art. 42, parágrafo único;
- d) Restituição em dobro dos valores retidos indevidamente pelo banco;
- e) Indenização por danos morais, em virtude da conduta abusiva do banco e do comprometimento da subsistência do autor, pessoa idosa e portadora de doença grave;
- f) Condenação do réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
5. DA REVELIA E SEUS EFEITOS
O Banco do Brasil S.A. foi regularmente citado, mas permaneceu revel, não apresentando contestação ou qualquer manifestação nos autos. Nos termos do CPC/2015, art. 344, a revelia implica a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor, salvo se o contrário resultar da convicção do juiz, o que não se verifica no presente caso, diante da robusta documentação e da perícia contábil realizada.
Ressalte-se que, em se tratando de relação de consumo, a inversão do ônus da prova é medida que se impõe (CDC, art. 6º, VIII), cabendo ao fornecedor demonstrar a regularidade das operações, o que não ocorreu. A ausência de defesa reforça a procedência dos pedidos autorais, sobretudo diante da hipervulnerabilidade do autor, idoso, doente e financeiramente fragilizado.
A revelia, portanto, acarreta a presunção de veracidade dos fatos narrados na inicial, tornando incontroversas as alegações de venda casada, juros abusivos e descontos indevidos, devendo ser julgados procedentes os pedidos formulados.
6. DO DIREITO
6.1. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
A relação entre o autor e o Banco do Brasil S.A. é típica relação de consumo, nos termos do CDC, arts. 2º e 3º, sendo o autor consumidor final dos serviços bancários prestados. A jurisprudência consolidada do STJ, inclusive por meio da Súmula 297, reconhece a incidência do CDC às instituições financeiras.
6.2. VULNERABILIDADE E HIPERVULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR
O autor é pessoa idosa, aposentada e portadora de doença grave (câncer), o que o coloca em situação de hipervulnerabilidade, exigindo do fornecedor redobrada cautela e transparência na contratação, conforme preconiza o CDC, art. 4º, I, e a proteção especial ao idoso prevista na CF/88, art. 230.
6.3. VENDA CASADA E PRÁTICA ABUSIVA
A imposição de contratação de consórcio não solicitado caracteriza venda casada, prática vedada pelo CDC, art. 39, I, que proíbe condicionar o fornecimento de produto ou serviço à aquisição de outro. Tal conduta é nula de pleno direito (CDC, art. 51, IV), ensejando a devolução em dobro dos valores descontados indevidamente (CDC, art. 42, parágrafo único).
6.4. JUROS ABUSIVOS E REVISÃO CONTRATUAL
O contrato firmado impôs ao autor juros manifestamente abusivos, em afronta ao CDC, art. 51, IV, e ao princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422). A onerosidade excessiva e o comprometimento da subsistência do consumidor autorizam a revisão das cláusulas contratuais, nos termos do CDC, art. 6º, V, e da CF/88, art. 5º, XXXII.
Ademais, a retenção de valores pelo banco, sem justificativa plausível e sem"'>...
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