Modelo de Habeas Corpus com pedido liminar para revogação da prisão preventiva de L. A. da S. S. fundamentado em provas pré-constituídas e ausência de fundamentação concreta da custódia, conforme CPP art. 312

Publicado em: 05/06/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de habeas corpus com pedido de liminar impetrado no Tribunal de Justiça de São Paulo visando à revogação da prisão preventiva de L. A. da S. S., com fundamento na ausência de indícios suficientes de autoria, apresentação de provas pré-constituídas (atestado de internação e contrato de locação de motocicleta), ilegalidade e desproporcionalidade da custódia cautelar, e requerendo, subsidiariamente, substituição por medidas cautelares diversas previstas no CPP, art. 319. Contém fundamentação jurídica detalhada, jurisprudência e pedido de dispensa de audiência de conciliação.
← deslize para o lado para ver mais opções

HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Impetrante: N. L. S., advogado, inscrito na OAB/SP sob o nº 123456, CPF nº 123.456.789-00, com escritório profissional na Rua das Flores, nº 100, Centro, São Paulo/SP, CEP 01000-000, endereço eletrônico: [email protected].

Paciente: L. A. da S. S., brasileiro, solteiro, autônomo, nascido em 29/08/1993, filho de Cristiane Aparecida Gomes da Silva Santos, portador do CPF nº 234.567.890-12, atualmente recolhido no Centro de Detenção Provisória de São Paulo, endereço eletrônico: [email protected].

Autoridade Coatora: MM. Juíza de Direito da 24ª Vara Criminal do Foro Central Criminal Barra Funda, São Paulo/SP, endereço eletrônico institucional: [email protected].

Valor da causa: R$ 1.000,00 (mil reais), para fins meramente fiscais.

3. DOS FATOS

O paciente L. A. da S. S. encontra-se preso preventivamente por decisão do juízo da 24ª Vara Criminal de São Paulo, sob a acusação de participação em associação criminosa voltada à prática de usura, extorsão, ameaça e invasão de domicílio, conforme denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo. A imputação se baseia, em grande parte, no reconhecimento fotográfico realizado pela vítima M. A. G. dos S. L., que teria sido ameaçada por indivíduo utilizando motocicleta registrada em nome do paciente.

A defesa apresentou documentos que comprovam a ausência de participação do paciente nos fatos investigados, notadamente: (i) declaração de internação do paciente no Centro Terapêutico Família do Abraço, em Suzano/SP, para tratamento de dependência em jogos de azar, entre 02/09/2024 e 20/02/2025, período no qual esteve recluso e sem contato externo; (ii) contrato de locação de motocicleta firmado entre o paciente e T. M. L., demonstrando que o veículo supostamente utilizado nos delitos estava sob responsabilidade de terceiro, não do paciente.

Apesar da robustez dos elementos apresentados, o juízo singular indeferiu o pedido de revogação da prisão preventiva, mantendo a custódia sob o fundamento de que persistem os requisitos do CPP, art. 312. O Ministério Público manifestou-se reiteradamente contra a liberdade do paciente, alegando gravidade dos fatos e risco à ordem pública, desconsiderando as provas de álibi e a fragilidade do reconhecimento fotográfico.

Ressalte-se que a audiência de instrução foi designada para o dia 11/06/2025, e o paciente permanece segregado cautelarmente, sem que haja demonstração concreta de periculosidade ou risco à instrução criminal, tampouco contemporaneidade dos motivos ensejadores da custódia.

Diante desse cenário, busca-se, por meio deste writ, a concessão de ordem de habeas corpus para revogação da prisão preventiva, com a consequente expedição de alvará de soltura.

4. DO DIREITO

4.1. DA ILEGALIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA

A prisão preventiva, nos termos do CPP, art. 312, somente pode ser decretada quando presentes os requisitos do fumus comissi delicti (prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria) e do periculum libertatis (garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal). Trata-se de medida excepcional, devendo ser aplicada como ultima ratio, conforme orientação do CPP, art. 282, §6º.

No caso em tela, a manutenção da custódia cautelar do paciente carece de fundamentação idônea e concreta. A decisão que indeferiu a revogação da prisão limitou-se a reproduzir argumentos genéricos sobre a gravidade abstrata dos delitos imputados, sem demonstrar, de forma individualizada, a necessidade da segregação. Tal proceder viola o CF/88, art. 93, IX, que exige motivação das decisões judiciais, e o CPP, art. 315, que determina a fundamentação concreta da prisão preventiva.

4.2. DA AUSÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA

A principal prova utilizada para imputar ao paciente a participação nos delitos é o reconhecimento fotográfico realizado em sede policial, que, por si só, não é suficiente para embasar a segregação cautelar, sobretudo diante da apresentação de documentos que demonstram a ausência do paciente no local e período dos fatos. O contrato de locação da motocicleta e o atestato de internação constituem prova pré-constituída, afastando a materialidade do reconhecimento e evidenciando constrangimento ilegal.

O reconhecimento fotográfico, sem observância do contraditório e da ampla defesa, não pode prevalecer sobre provas documentais robustas que atestam a inocência do paciente, em respeito ao CF/88, art. 5º, LV e LVII (princípios do contraditório, ampla defesa e presunção de inocência).

4.3. DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS

O CPP, art. 319 prevê a adoção de medidas cautelares diversas da prisão, que devem ser priorizadas quando suficientes para garantir o regular andamento do processo. O paciente possui residência fixa, profissão definida e não apresenta risco à instrução criminal ou à aplicação da lei penal, sendo plenamente cabível a substituição da prisão por medidas alternativas, como comparecimento periódico em juízo e proibição de contato com as vítimas.

4.4. DA DESPROPORCIONALIDADE E DA EXCEPCIONALIDADE DA PRISÃO

A segregação cautelar não pode ser utilizada como antecipação de pena, em respeito ao princípio da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII). A jurisprudência dos tribunais superiores é firme no sentido de que a prisão preventiva deve ser justificada de forma concreta, sob pena de configurar constrangimento ilegal.

Ademais, a apresentação de prova pré-constituída do direito alegado — atestado de internaçã"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor de L. A. da S. S., apontando como autoridade coatora a MM. Juíza de Direito da 24ª Vara Criminal do Foro Central Criminal Barra Funda, São Paulo/SP, cuja pretensão é a revogação da prisão preventiva decretada nos autos da ação penal em que o paciente é acusado de participação em associação criminosa voltada à prática de usura, extorsão, ameaça e invasão de domicílio.

I - Admissibilidade

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do writ, por estarem devidamente preenchidos os requisitos processuais e por se tratar de matéria cognoscível em sede de habeas corpus, restando demonstrado o constrangimento alegado por prova pré-constituída, nos termos da jurisprudência consolidada deste Tribunal e do art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal.

II - Dos Fatos e da Prova

O paciente encontra-se segregado cautelarmente, em razão de decisão que manteve a prisão preventiva, com base na gravidade abstrata dos delitos e risco à ordem pública, conforme sustentado pela autoridade coatora e pelo Ministério Público.

A defesa apresentou documentos relevantes: (i) atestado de internação do paciente em centro terapêutico entre 02/09/2024 e 20/02/2025, período coincidente com os fatos investigados, e (ii) contrato de locação de motocicleta, demonstrando que o veículo supostamente utilizado nos delitos estava sob responsabilidade de terceiro.

Observa-se que a decisão impugnada limitou-se a reproduzir argumentos genéricos, sem demonstrar, de forma individualizada e concreta, a necessidade de manutenção da custódia, contrariando o disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal, bem como o art. 315, §2º, do CPP, que exigem fundamentação adequada e específica para as decisões judiciais, especialmente aquelas que restringem direitos fundamentais.

III - Do Direito Aplicável

A prisão preventiva é medida de exceção, somente admitida quando não for possível a aplicação de medidas cautelares diversas, conforme preconizam os arts. 282, §6º, e 319 do CPP, e reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.

No caso concreto, a custódia não encontra suporte em elementos idôneos. A robustez da prova pré-constituída de álibi — atestado de internação e contrato de locação — fragiliza sobremaneira o reconhecimento fotográfico isolado, realizado sem a observância do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV e LVII).

Ressalte-se, ainda, que o paciente possui residência fixa, profissão definida e não há notícia de risco concreto à instrução criminal ou à aplicação da lei penal. A manutenção da segregação, sem demonstração de contemporaneidade dos motivos e diante da possibilidade de aplicação de medidas alternativas, viola os princípios da proporcionalidade, presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) e dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

A jurisprudência deste Tribunal, inclusive, é firme no sentido de que, ausente fundamentação concreta e diante de provas de álibi apresentadas de plano, não se justifica a manutenção da custódia cautelar (TJSP, HC Acórdão/TJSP).

IV - Da Fundamentação Constitucional e Legal

O art. 93, IX, da Constituição Federal, impõe a obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, sendo vedadas decisões genéricas, especialmente quando restringem a liberdade do indivíduo. O art. 315, §2º, do CPP, por sua vez, reitera tal exigência no âmbito do processo penal.

No caso dos autos, a decisão impugnada não apresenta fundamentação concreta e específica acerca da imprescindibilidade da prisão preventiva, tampouco refuta os elementos apresentados pela defesa, o que caracteriza constrangimento ilegal.

Assim, havendo possibilidade de substituição por medidas cautelares diversas, previstas no art. 319 do CPP, impõe-se a revogação da prisão preventiva, em consonância com os princípios constitucionais e legais mencionados.

V - Conclusão

Diante do exposto, concedo a ordem de habeas corpus para revogar a prisão preventiva do paciente L. A. da S. S., determinando a expedição de alvará de soltura, salvo se por outro motivo não estiver preso, com a substituição da custódia por medidas cautelares diversas, a serem fixadas pelo juízo de origem, nos termos do art. 319 do CPP, tais como:

  • Comparecimento periódico em juízo para informar e justificar suas atividades;
  • Proibição de manter contato com vítimas e testemunhas;
  • Proibição de ausentar-se da comarca sem autorização judicial.

Recomendo ao juízo de origem a análise e eventual adequação das medidas cautelares, caso necessário, à luz do caso concreto.

VI - Dispositivo

Ante o exposto, conheço do habeas corpus e concedo a ordem, nos termos acima.

É como voto.

São Paulo, 10 de junho de 2025.
Desembargador Relator


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.