Modelo de Réplica à contestação e impugnação ao pedido contraposto em ação de rescisão contratual e restituição por vício oculto em veículo, com fundamento no CDC e pedido de indenização por danos materiais e morais

Publicado em: 05/06/2025 Processo CivilConsumidor
Documento jurídico que apresenta a réplica à contestação e impugnação ao pedido contraposto em ação consumerista envolvendo vício oculto em veículo automotor. Defende a inexistência de decadência, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade objetiva do fornecedor por vícios ocultos, a prática abusiva da ré ao condicionar devolução do valor pago e requer a rescisão contratual, restituição dos valores pagos, indenização por danos materiais e morais, além da improcedência do pedido contraposto. Fundamenta-se em artigos do CDC, jurisprudência consolidada e princípios da boa-fé objetiva.
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RÉPLICA À CONTESTAÇÃO E IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO CONTRAPOSTO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de [Cidade/UF].

2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DOS AUTOS

Processo nº: [inserir número dos autos]
Autor: A. J. de A., brasileiro, solteiro, profissão [inserir], portador do CPF nº [inserir], RG nº [inserir], endereço eletrônico: [inserir], residente e domiciliado à [endereço completo].
Ré: J. C. de A. (Jm Veículos), brasileira, empresária, portadora do CPF nº [inserir], endereço eletrônico: [inserir], com sede à [endereço completo].

3. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO E DO PEDIDO CONTRAPOSTO

A contestação apresentada pela ré sustenta, em síntese, que:
(i) O autor estava ciente do estado do veículo, tendo realizado vistoria e avaliação mecânica antes da compra;
(ii) O suposto defeito não configura vício oculto, pois decorreria do uso contínuo, inexistindo laudo técnico que comprove vício pré-existente;
(iii) Houve tentativa de conciliação, com proposta de troca do veículo, recusada pelo autor;
(iv) Em preliminar, alega decadência do direito do autor, por suposto ajuizamento da ação mais de 90 dias após a entrega do veículo, nos termos do CDC, art. 26;
(v) Ao final, requer a improcedência dos pedidos do autor e, em sede de pedido contraposto, pleiteia a condenação do autor ao pagamento de eventuais perdas e danos, caso reconhecida a improcedência da demanda.

4. PRELIMINARES

Da Inexistência de Decadência
A preliminar de decadência suscitada pela ré não merece prosperar. O CDC, art. 26, §3º, expressamente dispõe que o prazo decadencial não corre enquanto o consumidor estiver impossibilitado de utilizar o produto em razão dos vícios apresentados. No caso em tela, o autor, após breve lapso temporal da aquisição, já se viu privado do uso do veículo, tendo buscado solução administrativa e notificado extrajudicialmente a ré, sem sucesso. Ademais, o vício apresentado é de natureza oculta, de difícil constatação imediata, o que afasta a alegação de decadência.
Ressalte-se que a jurisprudência pátria é firme no sentido de que, em se tratando de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se com a efetiva ciência do defeito pelo consumidor (CDC, art. 26, §3º). Portanto, não há que se falar em decadência, devendo ser afastada a preliminar.

5. DOS FATOS

O autor adquiriu da ré, em 10/12/2024, um veículo Fiat Grand Siena 2013, mediante pagamento de R$ 14.000,00 de entrada e financiamento do saldo, cuja aprovação ainda estava pendente na data da entrega do bem. Pouco tempo após a aquisição, o veículo apresentou avarias e, em 03/01/2025, grave falha mecânica, obrigando o autor a acionar serviço de guincho (R$ 80,00) e receber orçamento de conserto (R$ 490,00), não realizado por insatisfação e falta de recursos.
O autor buscou a devolução do veículo e a restituição dos valores pagos, sendo surpreendido pela exigência abusiva da ré, que condicionou a devolução à aquisição de outro veículo. Notificou extrajudicialmente a ré, que permaneceu inerte, não restituindo os valores pagos.
Ressalte-se que o autor jamais foi informado, de forma clara e adequada, acerca de eventuais vícios ou limitações do veículo, tampouco foi apresentada garantia contratual além da legal. O vício apresentado é de natureza oculta, não detectável em simples vistoria, e compromete a própria finalidade do bem, qual seja, o transporte seguro e regular.

6. DO DIREITO

Da Relação de Consumo e Aplicabilidade do CDC
O presente caso versa sobre relação de consumo, nos termos do CDC, art. 2º e art. 3º, sendo o autor consumidor e a ré fornecedora de produto (veículo automotor). Aplica-se, portanto, o regime protetivo do CDC, inclusive quanto à inversão do ônus da prova, em razão da hipossuficiência técnica e informacional do consumidor (CDC, art. 6º, VIII).

Dos Vícios Ocultos e Responsabilidade do Fornecedor
O CDC, art. 18, impõe ao fornecedor a responsabilidade objetiva pelos vícios de qualidade que tornem o produto impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina, ou lhe diminuam o valor. No caso de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se com a ciência inequívoca do defeito pelo consumidor (CDC, art. 26, §3º).
O veículo apresentou grave falha mecânica em prazo exíguo após a aquisição, o que evidencia a existência de vício oculto, não detectável em simples vistoria, e que compromete a utilização regular do bem. A ausência de solução pela ré, mesmo após notificação extrajudicial, configura descumprimento do dever de reparar o vício no prazo legal (30 dias), autorizando o consumidor a exigir a rescisão contratual e a restituição dos valores pagos (CDC, art. 18, §1º, II).

Da Prática Abusiva e Boa-fé Objetiva
A conduta da ré, ao condicionar a devolução do valor pago à aquisição de outro veículo, configura prática abusiva, vedada pelo CDC, art. 39, I e V, e afronta os princípios da boa-fé objetiva e da transparência (CCB/2002, art. 422; CDC, art. 4º, III).
O fornecedor deve agir com lealdade, informação clara e respeito ao consumidor, não sendo admissível impor condições não previstas em lei para o exercício de direito potestativo do consumidor.

Do Dano Material e Moral
O autor faz jus à restituição dos valores pagos a título de entrada, despesas com guincho e orçamento de conserto, nos termos do CDC, art. 18, §1º, II, e CCB/2002, art. 927. Quanto ao dano moral, a frustração da legítima expectativa do consumidor, a privação do uso do veículo e o constrangimento decorrente da recusa injustificada da ré caracterizam abalo moral indenizável, conforme entendimento consolidado dos tribunais pátrios.

Do Pedido Contraposto
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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de ação movida por A. J. de A. em face de J. C. de A. (Jm Veículos), na qual o autor pleiteia a rescisão de contrato de compra e venda de veículo automotor, bem como a restituição dos valores pagos e indenização por danos morais e materiais, em razão de vício oculto apresentado no veículo adquirido. A ré, em contestação, alega a inexistência de vício oculto, decadência do direito do autor e formula pedido contraposto de condenação do autor ao pagamento de perdas e danos, caso reconhecida a improcedência da demanda.

II. Fundamentação

1. Da Fundamentação Constitucional

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, é dever do magistrado fundamentar de forma clara e precisa as decisões judiciais, demonstrando o equilíbrio entre os fatos e o direito aplicável ao caso concreto.

2. Da Preliminar de Decadência

Afasta-se a preliminar de decadência suscitada pela ré. Conforme art. 26, §3º, do CDC, o prazo decadencial para reclamação sobre vício oculto inicia-se a partir da ciência inequívoca do defeito pelo consumidor. No presente caso, restou comprovado que o autor apenas tomou conhecimento do vício após breve lapso temporal da aquisição, sendo, inclusive, privado do uso do veículo e tendo buscado solução administrativa junto à ré, sem sucesso. Não há, portanto, que se falar em decadência.

3. Da Relação de Consumo e Responsabilidade do Fornecedor

É incontroversa a relação de consumo entre as partes, aplicando-se o Código de Defesa do Consumidor. O autor é consumidor final e a ré, fornecedora do bem. Nos termos do art. 18 do CDC, a responsabilidade do fornecedor por vícios do produto é objetiva. Restou demonstrado que o veículo apresentou grave vício oculto, não detectável em simples vistoria, logo após a aquisição, tornando-o impróprio ao uso e frustrando a legítima expectativa do consumidor.

4. Do Direito à Rescisão e Restituição dos Valores Pagos

Diante da inércia da ré, mesmo após notificação extrajudicial, e não sanado o vício no prazo legal de 30 dias, o autor faz jus à rescisão contratual e à restituição integral dos valores pagos, conforme art. 18, §1º, II, do CDC e jurisprudência consolidada. Assim, deve a ré restituir o valor da entrada, bem como despesas comprovadas com guincho e orçamento de conserto.

5. Dos Danos Morais

A conduta da ré, ao impor condição abusiva para a devolução dos valores pagos e manter-se inerte frente à notificação do autor, caracteriza desrespeito à boa-fé objetiva e frustração da legítima expectativa do consumidor, gerando-lhe abalo moral indenizável. O constrangimento, a privação do uso do veículo e a necessidade de recorrer ao Judiciário configuram dano moral, nos termos da doutrina e da jurisprudência pátria (TJRJ, Ap. Acórdão/TJRJ).

6. Do Pedido Contraposto

O pedido contraposto formulado pela ré não encontra respaldo fático ou jurídico, pois inexiste nos autos comprovação de conduta ilícita ou abuso de direito pelo autor que justifique a condenação em perdas e danos. O exercício regular do direito de ação é constitucionalmente assegurado (CF/88, art. 5º, XXXV).

III. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial para:

  • Declarar a rescisão do contrato de compra e venda do veículo Fiat Grand Siena 2013;
  • Condenar a ré à restituição integral dos valores pagos pelo autor, incluindo entrada, despesas com guincho (R$ 80,00) e orçamento de conserto (R$ 490,00), devidamente atualizados;
  • Condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais ao autor, que fixo em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), valor adequado às circunstâncias do caso, observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade;
  • Julgar IMPROCEDENTE o pedido contraposto formulado pela ré;
  • Condenar a ré ao pagamento das custas processuais e, se cabíveis, honorários advocatícios.

 

Deixo de condenar em honorários advocatícios, por se tratar de juizado especial, salvo na hipótese de litigância de má-fé (Lei 9.099/95, art. 55).

IV. Disposições Finais

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Transitada em julgado, expeça-se o necessário para cumprimento do julgado.
Sentença publicada e registrada eletronicamente.

V. Fundamentação Hermenêutica

O presente voto observa o princípio da motivação das decisões judiciais, previsto no art. 93, IX, da CF/88, e realiza a devida ponderação entre os fatos comprovados e o direito aplicável, especialmente no que tange à proteção do consumidor, à boa-fé objetiva e à responsabilidade do fornecedor. A decisão visa garantir a efetividade do direito fundamental de acesso à justiça e a adequada tutela dos interesses do consumidor.

VI. Local, Data e Assinatura

[Cidade], [data].

_____________________________________
Juiz(a) de Direito


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