Modelo de Reclamação Trabalhista por Dispensa Arbitrária Durante Afastamento Previdenciário com Pedido de Reintegração e Verbas Rescisórias

Publicado em: 22/10/2024 Trabalhista Processo do Trabalho
Ação trabalhista ajuizada por empregado vigilante contra empresa de vigilância, requerendo a nulidade de dispensa ocorrida durante afastamento por auxílio-doença (B-31) e sem ciência do trabalhador. O autor pleiteia a reintegração ao emprego, pagamento das verbas rescisórias devidas, retificação da CTPS digital, além de indenização por danos morais pela dispensa ilegal. Fundamenta-se em dispositivos da CLT, Constituição Federal e jurisprudências do TST que tratam da nulidade de rescisão contratual em situações similares.

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz do Trabalho da ___ Vara do Trabalho de [Cidade/UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

RECLAMANTE: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, vigilante, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, portador do RG nº X.XXX.XXX, residente e domiciliado na Rua [endereço completo], CEP XXXXX-XXX, [Cidade/UF], endereço eletrônico: [email protected].

RECLAMADA: EMPRESA XYZ VIGILÂNCIA LTDA., inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com sede na Rua [endereço completo], CEP XXXXX-XXX, [Cidade/UF], endereço eletrônico: [email protected].

3. DOS FATOS

O Reclamante foi admitido pela Reclamada em 12 de fevereiro de 2020, para exercer a função de vigilante, sob o regime de trabalho intermitente, conforme previsto na CLT, art. 443, §3º.

Em 05 de setembro de 2021, o Reclamante foi acometido por Covid-19, sendo afastado do trabalho e recebendo auxílio-doença previdenciário (espécie B-31) até 23 de setembro de 2024, conforme documentação médica e previdenciária.

Ao término do benefício, o Reclamante comunicou à Reclamada sua aptidão para o retorno ao trabalho, sendo surpreendido com a informação de que seu contrato de trabalho havia sido rescindido em 28 de junho de 2022, conforme anotação unilateral na CTPS digital, sem qualquer ciência ou assinatura do Reclamante.

O Reclamante não foi notificado da rescisão contratual, tampouco recebeu as verbas rescisórias devidas, nem assinou qualquer documento referente à rescisão, caracterizando-se, assim, dispensa arbitrária e ilegal durante o período de afastamento por doença.

4. DO DIREITO

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu art. 4º, dispõe que considera-se como tempo de serviço o período em que o empregado estiver à disposição do empregador, ainda que não haja prestação efetiva de serviços, o que inclui o período de afastamento por motivo de saúde.

A dispensa do Reclamante durante o gozo de benefício previdenciário viola princípios fundamentais do Direito do Trabalho, como a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), a proteção ao trabalhador em situação de vulnerabilidade e a função social do contrato de trabalho.

Ainda que o benefício recebido tenha sido de natureza previdenciária comum (B-31), a dispensa durante o afastamento, sem ciência do trabalhador, sem pagamento das verbas rescisórias e sem assinatura de documentos, configura nulidade do ato rescisório, por violar os princípios da boa-fé (CCB/2002, art. 422) e da legalidade (CF/88, art. 5º, II).

A ausência de comunicação prévia e de pagamento das verbas rescisórias afronta o disposto na CLT, art. 477, §§ 6º e 8º, sendo devida a multa correspondente.

Ademais, a anotação da baixa na CTPS digital sem ciência do trabalhador configura fraude trabalhista, passível de nulidade, devendo ser reconhecida a continuidade do vínculo até o efetivo término do benefício e o retorno do trabalhador.

5. JURISPRUDÊNCIAS

TST - ROT 713-16.2022.5.06.0000 - Rel. Min. Liana Chaib - J. em 05/09/2023 - DJ 08/09/2023:

“A partir dos elementos fático jurídicos dos autos constata-se ser devida a reintegração do reclamante, ao menos em análise perfunctória, uma vez que a concessão do auxílio "'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

I - Relatório

Trata-se de reclamação trabalhista ajuizada por A. J. dos S. em face de EMPRESA XYZ VIGILÂNCIA LTDA., na qual o Reclamante pleiteia, em síntese, o reconhecimento da nulidade da dispensa ocorrida durante o período de afastamento previdenciário, reintegração ao emprego ou, subsidiariamente, o pagamento integral das verbas rescisórias, indenização por danos morais, além de reflexos legais pertinentes.

A Reclamada foi regularmente citada, apresentou contestação, e as partes foram ouvidas em audiência. Após encerrada a instrução, vieram os autos conclusos para julgamento.

II - Fundamentação

1. Do conhecimento

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço da presente reclamação trabalhista.

2. Da nulidade da dispensa durante afastamento previdenciário

Consoante se extrai dos autos, o Reclamante foi contratado em 12/02/2020, sob contrato de trabalho intermitente, sendo afastado por motivo de saúde em 05/09/2021, recebendo auxílio-doença previdenciário (B-31) até 23/09/2024, conforme documentação juntada.

No entanto, verifica-se que a Reclamada procedeu à rescisão contratual em 28/06/2022, durante o afastamento previdenciário, sem ciência formal do trabalhador, tampouco pagamento das verbas rescisórias, o que afronta o disposto no art. 477, §§ 6º e 8º, da CLT, e configura violação aos princípios da boa-fé (art. 422 do Código Civil) e da legalidade (art. 5º, II da CF/88).

A Constituição Federal, em seu art. 1º, III, assegura a dignidade da pessoa humana como fundamento da República. A dispensa de empregado em situação de saúde fragilizada, sem observância de seus direitos fundamentais e sem comunicação formal, atenta contra tal princípio, exigindo resposta judicial proporcional e adequada.

A jurisprudência consolidada do TST, embora reconheça que o benefício B-31 não gera estabilidade automática, admite que, diante de irregularidades no procedimento rescisório, como ausência de ciência e pagamento de verbas, o vínculo deve ser reconhecido até o efetivo término do afastamento ou, alternativamente, deve-se garantir a integralidade dos direitos rescisórios.

A anotação unilateral da baixa na CTPS digital sem a anuência do trabalhador também viola o dever de transparência contratual e caracteriza fraude trabalhista, sendo nula de pleno direito.

III - Dispositivo

Diante do exposto, com fundamento no art. 93, IX da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que exige decisões judiciais fundamentadas, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE a presente reclamação trabalhista para:

  1. Reconhecer a nulidade da dispensa ocorrida em 28/06/2022, por ausência de ciência do trabalhador e por ter ocorrido durante o afastamento previdenciário;
  2. Determinar a retificação da CTPS digital do Reclamante para constar como data de término do vínculo a data de 23/09/2024, correspondente ao final do benefício previdenciário;
  3. Condenar a Reclamada ao pagamento das seguintes verbas rescisórias:
    • Saldo de salário;
    • Férias vencidas e proporcionais acrescidas de 1/3;
    • 13º salário proporcional;
    • Multa de 40% sobre o FGTS;
    • Liberação do FGTS e fornecimento das guias do seguro-desemprego;
    • Multa prevista no art. 477, §8º da CLT.
  4. Condenar a Reclamada ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), considerando a dispensa irregular, ausência de comunicação e a situação de vulnerabilidade do trabalhador;
  5. Condenar a Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência no percentual de 10% sobre o valor da condenação, conforme art. 791-A da CLT;
  6. Juros e correção monetária na forma da Lei.

Julgo improcedente o pedido de reintegração, uma vez que não há nos autos comprovação de estabilidade provisória decorrente de auxílio acidentário (B-91), nos termos da jurisprudência do TST (ROT 146-08.2021.5.10.0000).

IV - Conclusão

Ante o exposto, conheço da ação e julgo-a PARCIALMENTE PROCEDENTE, na forma acima fundamentada.

Custas pela Reclamada, calculadas sobre o valor da condenação, ora arbitrado em R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), no importe de R$ 500,00 (quinhentos reais).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

[Cidade], [Data do Julgamento].

_______________________________________
Juiz(a) do Trabalho


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