Modelo de Petição inicial de ação de anulação de escritura de doação por ingratidão e violação da legítima, envolvendo pai doador e filha donatária, com base nos arts. 548, 549 e 557 do CCB/2002

Publicado em: 04/06/2025 CivelProcesso Civil Familia
Modelo de petição inicial para ação de anulação de escritura pública de doação, ajuizada por pai contra filha, fundamentada na ingratidão da donatária, privação do mínimo existencial do doador e violação da legítima dos herdeiros necessários, com pedidos de nulidade total ou parcial da doação, restituição do imóvel e produção de provas documentais, testemunhais e periciais. Contém endereçamento, qualificação das partes, fatos, fundamentos jurídicos, jurisprudências e requerimentos processuais.
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PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA DE DOAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ___ do Estado de ___.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, comerciante, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 123, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF,
por seu advogado infra-assinado, com escritório profissional na Rua dos Advogados, nº 456, Bairro Justiça, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico [email protected], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA DE DOAÇÃO

em face de M. F. de S. L., brasileira, solteira, estudante, portadora do CPF nº 111.111.111-11, RG nº 1.111.111, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliada na Rua das Palmeiras, nº 789, Bairro Jardim, CEP 00000-000, Cidade/UF.

3. DOS FATOS

O autor, A. J. dos S., é pai da ré, M. F. de S. L.. Em data de ___/___/____, foi lavrada escritura pública de doação, pela qual o autor transferiu à filha a totalidade de seu patrimônio, consistente em imóvel situado na Rua das Oliveiras, nº 321, Bairro Primavera, nesta cidade.

Ocorre que, após a realização do ato, o autor passou a ser vítima de reiterados episódios de infidelidade, agressões físicas, morais e psicológicas perpetradas pela ré, sua filha. Tais condutas, além de abalar profundamente o vínculo familiar, configuram grave ingratidão, tornando insustentável a manutenção dos efeitos do negócio jurídico celebrado.

Ressalte-se que a doação abrangeu a integralidade do patrimônio do autor, privando-o de meios de subsistência, o que afronta o disposto no CCB/2002, art. 548, bem como violou a legítima dos herdeiros necessários, nos termos do CCB/2002, art. 549.

Destaca-se, ainda, que a conduta da ré não apenas caracteriza ingratidão, mas também constitui causa de anulação da doação, conforme previsão legal e entendimento consolidado na jurisprudência pátria.

Diante desse cenário, não restou alternativa ao autor senão buscar a tutela jurisdicional para ver declarada a nulidade da escritura de doação, restabelecendo-se a situação patrimonial anterior e resguardando-se os direitos dos herdeiros necessários.

Resumo: O autor doou todo o seu patrimônio à filha, que, após o ato, passou a praticar infidelidade, agressões físicas, morais e psicológicas contra o doador, configurando ingratidão e violando a legítima dos herdeiros, bem como o mínimo existencial do doador.

4. DO DIREITO

4.1. DA NULIDADE DA DOAÇÃO POR INOFICIOSIDADE

Nos termos do CCB/2002, art. 548, é nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. No caso em tela, a doação abrangeu a totalidade do patrimônio do autor, privando-o de meios de vida, o que impõe a nulidade do ato.

Ademais, o CCB/2002, art. 549 estabelece que a doação quanto à parte que exceder àquela de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento, é nula. Assim, a doação que ultrapassa a parte disponível, em prejuízo da legítima dos herdeiros necessários, deve ser anulada na extensão do excesso.

O princípio da intangibilidade da legítima, previsto no CCB/2002, art. 1.789 e CCB/2002, art. 1.845, visa proteger os direitos dos herdeiros necessários, impedindo que o doador disponha de mais do que a metade de seu patrimônio sem autorização dos demais herdeiros.

4.2. DA INGRATIDÃO COMO CAUSA DE ANULAÇÃO DA DOAÇÃO

O CCB/2002, art. 557 prevê que a doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, sendo consideradas causas de ingratidão, entre outras, as ofensas físicas, injúrias graves e atos de infidelidade praticados contra o doador.

No presente caso, restou fartamente demonstrado que a ré praticou atos de infidelidade, agressões físicas, morais e psicológicas contra o autor, o que caracteriza ingratidão e autoriza a revogação/anulação da doação.

4.3. DA BOA-FÉ, DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E PROTEÇÃO DO VULNERÁVEL

O princípio da boa-fé objetiva, consagrado no CCB/2002, art. 113, impõe às partes o dever de lealdade e respeito mútuo. A doação, como ato de liberalidade, pressupõe a manutenção de vínculos afetivos e de confiança, rompidos pela conduta da ré.

A dignidade da pessoa humana, fundamento da República (CF/88, art. 1º, III), exige que o doador não seja privado de seu mínimo existe"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de Ação de Anulação de Escritura de Doação proposta por A. J. dos S. em face de M. F. de S. L., sua filha, visando à declaração de nulidade de doação de imóvel efetuada em seu favor.

Alega o autor que, após a doação da totalidade de seu patrimônio à ré, passou a sofrer, por parte desta, reiterados episódios de infidelidade, agressões físicas, morais e psicológicas, caracterizando ingratidão. Sustenta, ainda, que a doação privou-o de meios de subsistência e violou a legítima dos herdeiros necessários.

Requer a procedência do pedido para declarar a nulidade da doação, com a consequente restituição do imóvel, ou, subsidiariamente, a nulidade parcial, preservando-se a legítima dos herdeiros necessários.

II. Fundamentação

1. Da Jurisdição e Fundamentação Constitucional

Inicialmente, cumpre observar o disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige que todas as decisões do Poder Judiciário sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. Assim, passo à análise detalhada dos fatos e do direito aplicável.

2. Dos Fatos e da Prova

A controvérsia gira em torno da validade de doação efetuada pelo autor à filha, abrangendo a totalidade de seu patrimônio, e das consequências jurídicas da conduta posterior da donatária, tida por ingrata.

Os autos trazem elementos que corroboram a versão do autor quanto à prática, pela ré, de atos de infidelidade, agressões físicas, morais e psicológicas, bem como a efetiva transferência de todos os bens do doador à filha, sem reserva de parte para sua subsistência.

3. Da Nulidade da Doação por Inoficiosidade

O art. 548 do Código Civil dispõe que \"é nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador\". No caso sob análise, restou comprovado que o autor doou a totalidade de seu patrimônio, privando-se dos meios necessários à própria sobrevivência, o que impõe a nulidade do ato.

Ademais, o art. 549 do Código Civil estabelece que \"nula é também a doação quanto à parte que exceder àquela de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento\". Ou seja, a doação que ultrapassa a parte disponível, em prejuízo da legítima dos herdeiros necessários, é nula de pleno direito.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica ao reconhecer a nulidade da doação de todos os bens sem reserva do mínimo existencial e em afronta à legítima, conforme ementa do REsp Acórdão/STJ (Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em 14/05/2019).

4. Da Ingratidão como Causa de Revogação/Anulação

Nos termos do art. 557 do Código Civil, \"pode ser revogada a doação por ingratidão do donatário\". Entre os atos que caracterizam ingratidão, estão as ofensas físicas, injúrias graves e infidelidade para com o doador.

Restando comprovados nos autos os comportamentos descritos pelo autor, reconheço a incidência da hipótese legal de revogação/anulação da doação por ingratidão, fundamento que reforça, de forma autônoma, o pedido inicial.

5. Princípios Constitucionais e da Boa-fé

A dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e a proteção do vulnerável impõem limite à liberalidade do doador, razão pela qual é vedado que este se prive da totalidade de seus bens, devendo ser resguardado seu mínimo existencial e a legítima dos herdeiros necessários (CCB/2002, arts. 1.789 e 1.845).

A boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 113) deve nortear as relações jurídicas, especialmente em atos de doação entre familiares, o que foi violado no caso concreto pela conduta da donatária.

6. Jurisprudência

O entendimento aqui exposto encontra respaldo em recentes julgados do STJ, que reafirmam a necessidade de preservação da legítima e do mínimo existencial do doador, bem como a possibilidade de anulação da doação por ingratidão, conforme destacados nos autos.

III. Dispositivo

Diante do exposto, com fulcro no art. 93, IX, da CF/88, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para:

  • Declarar a nulidade da escritura de doação lavrada em ___/___/____, por afronta ao art. 548 e art. 549 do Código Civil, bem como por ingratidão, conforme art. 557 do Código Civil;
  • Determinar a restituição do imóvel objeto da doação ao patrimônio do autor, restabelecendo-se a situação anterior;
  • Alternativamente, caso comprovada a existência de outros bens ou direitos, limitar a nulidade à parte que exceder à legítima dos herdeiros necessários, preservando-se a parte disponível, a ser apurada em liquidação de sentença;
  • Condenar a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que arbitro em 10% sobre o valor atualizado da causa;
  • Fica prejudicada a análise de outros pedidos incompatíveis com esta decisão.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV. Disposições Finais

Deixo de designar audiência de conciliação/mediação, nos termos do art. 334, §4º, II, do CPC, dada a natureza do litígio e a procedência do pedido.

Transitada em julgado, expeça-se mandado de imissão na posse ao autor, se necessário.

V. Recurso

Conheço do recurso interposto e dou-lhe provimento, nos termos acima, por estarem presentes os pressupostos de admissibilidade e restar demonstrada a procedência do pedido.

 

Cidade/UF, ___ de ____________ de 20__.

 

___________________________________
Juiz de Direito


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