Modelo de Contestação à Denúncia por Homicídio Doloso Qualificado com Requerimento de Reconhecimento de Infanticídio e Aplicação de Circunstâncias Atenuantes
Publicado em: 18/02/2025 Advogado Direito Penal Processo PenalCONTESTAÇÃO
PREÂMBULO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de __________.
Processo nº __________.
A. C., já qualificada nos autos, por meio de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO à denúncia oferecida pelo Ministério Público, nos termos do artigo 396 do Código de Processo Penal (CPP, art. 396), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
DOS FATOS
A. C., jovem de 18 anos, deu à luz sozinha em sua residência, localizada no interior de uma cidade pequena. Por medo da reação de sua família conservadora e do pai da criança, um homem casado, ela ocultou sua gravidez. Durante o parto, em um momento de desespero e abalo emocional, A. C. sufocou o recém-nascido, temendo a condenação social e familiar.
O laudo pericial confirmou que a ré apresentava sinais compatíveis com o estado puerperal, condição que afeta o discernimento da mulher logo após o parto. Contudo, o Ministério Público alega que o ato foi premeditado, sustentando que a ocultação da gravidez demonstra plena consciência e planejamento do crime.
DO DIREITO
Inicialmente, cumpre destacar que o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 123, prevê o crime de infanticídio, definido como o ato de "matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após".
No caso em tela, o laudo pericial é claro ao apontar que A. C. apresentava sinais compatíveis com o estado puerperal. Tal condição é reconhecida como um fator que reduz a capacidade de discernimento da mulher, influenciando diretamente sua conduta. Assim, é evidente que o crime praticado pela ré se enquadra no tipo penal do infanticídio, e não no homicídio doloso qualificado, como sustenta o Ministério Público.
Ademais, o estado puerperal é amplamente reconhecido pela doutrina e pela jurisprudência como uma condição que afeta o estado psicológico da mulher, sendo necessário considerar o contexto social, cultural e emocional em que o crime foi cometido. A ocultação da gravidez, por si só, não é suficiente para desqualificar o estado puerperal, mas sim um reflexo do medo e da pressão social enfrentados pela ré.
O princípio da dignidade da pessoa humana, consagrado no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal (CF/88, art. 1º, III), deve ser observado no presente ca"'>...