Modelo de Contestação à Denúncia por Homicídio Doloso Qualificado com Requerimento de Reconhecimento de Infanticídio e Aplicação de Circunstâncias Atenuantes

Publicado em: 18/02/2025 Advogado Direito Penal Processo Penal
Contestação apresentada em processo criminal, na qual a defesa de A. C., acusada de homicídio doloso qualificado, requer o reconhecimento do crime de infanticídio, conforme o artigo 123 do Código Penal, em razão do estado puerperal comprovado por laudo pericial. O documento enfatiza a relevância do contexto social, cultural e emocional que influenciou a conduta da ré, além de pleitear a aplicação de circunstâncias atenuantes, como a confissão espontânea, e a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, considerando a primariedade e os bons antecedentes da acusada. A defesa também se fundamenta em jurisprudências e no princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

CONTESTAÇÃO

PREÂMBULO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de __________.

Processo nº __________.

A. C., já qualificada nos autos, por meio de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO à denúncia oferecida pelo Ministério Público, nos termos do artigo 396 do Código de Processo Penal (CPP, art. 396), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

DOS FATOS

A. C., jovem de 18 anos, deu à luz sozinha em sua residência, localizada no interior de uma cidade pequena. Por medo da reação de sua família conservadora e do pai da criança, um homem casado, ela ocultou sua gravidez. Durante o parto, em um momento de desespero e abalo emocional, A. C. sufocou o recém-nascido, temendo a condenação social e familiar.

O laudo pericial confirmou que a ré apresentava sinais compatíveis com o estado puerperal, condição que afeta o discernimento da mulher logo após o parto. Contudo, o Ministério Público alega que o ato foi premeditado, sustentando que a ocultação da gravidez demonstra plena consciência e planejamento do crime.

DO DIREITO

Inicialmente, cumpre destacar que o Código Penal Brasileiro, em seu artigo 123, prevê o crime de infanticídio, definido como o ato de "matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após".

No caso em tela, o laudo pericial é claro ao apontar que A. C. apresentava sinais compatíveis com o estado puerperal. Tal condição é reconhecida como um fator que reduz a capacidade de discernimento da mulher, influenciando diretamente sua conduta. Assim, é evidente que o crime praticado pela ré se enquadra no tipo penal do infanticídio, e não no homicídio doloso qualificado, como sustenta o Ministério Público.

Ademais, o estado puerperal é amplamente reconhecido pela doutrina e pela jurisprudência como uma condição que afeta o estado psicológico da mulher, sendo necessário considerar o contexto social, cultural e emocional em que o crime foi cometido. A ocultação da gravidez, por si só, não é suficiente para desqualificar o estado puerperal, mas sim um reflexo do medo e da pressão social enfrentados pela ré.

O princípio da dignidade da pessoa humana, consagrado no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal (CF/88, art. 1º, III), deve ser observado no presente ca"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de processo criminal movido em face de A. C., acusada pelo Ministério Público de prática de homicídio qualificado, em razão de ter tirado a vida de seu próprio filho recém-nascido. O laudo pericial confirmou que a ré apresentava sinais de estado puerperal, sendo este um elemento central para a análise do caso. A defesa sustenta a aplicação do artigo 123 do Código Penal — infanticídio, enquanto o Ministério Público entende que o ato foi premeditado e doloso.

Fundamentação

Nos termos do artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, compete ao magistrado fundamentar suas decisões de modo claro e preciso, o que passo a fazer.

Do Enquadramento Jurídico

O artigo 123 do Código Penal prevê o crime de infanticídio, que ocorre quando a mãe tira a vida de seu filho, durante o parto ou logo após, sob influência do estado puerperal. O laudo pericial apresentado nos autos é categórico ao atestar que A. C. encontrava-se em estado puerperal no momento do crime.

A defesa argumenta, de forma consistente, que a ocultação da gravidez e o contexto emocional vivenciado pela ré não afastam a influência do estado puerperal. Essa interpretação encontra respaldo na doutrina e jurisprudência pátrias, que reconhecem a necessidade de considerar as circunstâncias emocionais e sociais que envolvem a prática do delito.

Da Dignidade da Pessoa Humana

O princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal, exige que a análise do caso leve em consideração as condições psíquicas e emocionais da ré. O estado puerperal não apenas afeta o discernimento da mulher, mas também é reconhecido como uma condição biológica e psicológica que reduz a culpabilidade da agente.

Das Jurisprudências

A defesa trouxe à colação jurisprudências que reforçam a aplicação do artigo 123 do Código Penal ao caso concreto:

  • TJSP (7ª Câmara de Direito Criminal) - Apelação Criminal Acórdão/TJSP: Reconhecimento da possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, em razão da primariedade e dos bons antecedentes da ré.
  • TJSP (9ª Câmara de Direito Criminal) - Apelação Criminal Acórdão/TJSP: Caso em que o dolo foi afastado, considerando-se a inexigibilidade de conduta diversa e as circunstâncias emocionais da ré.

Das Provas

As provas constantes nos autos, especialmente o laudo pericial e os relatos testemunhais, corroboram a tese defensiva de que o ato foi praticado sob influência do estado puerperal. Não há evidências robustas que sustentem a premeditação ou a intenção dolosa qualificada pela acusação do Ministério Público.

Dispositivo

Diante do exposto, julgo procedente o pedido da defesa para:

  1. Reconhecer que o crime praticado por A. C. configura infanticídio, nos termos do artigo 123 do Código Penal, afastando-se a imputação de homicídio doloso qualificado;
  2. Conceder as circunstâncias atenuantes previstas no artigo 65, inciso III, alínea \"d\", do Código Penal, especialmente a confissão espontânea;
  3. Aplicar a pena mínima prevista para o crime de infanticídio, com possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, conforme o artigo 44 do Código Penal, desde que preenchidos os requisitos legais;
  4. Conceder o benefício da gratuidade de justiça à ré, nos termos do artigo 98 do Código de Processo Civil, considerando sua hipossuficiência econômica.

Determino, ainda, que sejam realizadas todas as diligências necessárias para a execução desta decisão, bem como a análise da possibilidade de concessão de medidas que promovam a reintegração social da ré.

Conclusão

Assim, com fundamento no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, e nos dispositivos legais e jurisprudenciais pertinentes, julgo o presente caso em conformidade com os princípios constitucionais e legais que regem o devido processo penal e a dignidade da pessoa humana.

É como voto.

Local e data.

__________________________________

Nome do Magistrado


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