Modelo de Apelação Cível de P. da S. contra Banco do Brasil S/A requerendo justiça gratuita e revisão contratual por onerosidade excessiva decorrente da pandemia, com base no CPC, CCB e CDC

Publicado em: 18/07/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Modelo de apelação cível interposta por P. da S. contra Banco do Brasil S/A em ação monitória por dívida de contrato CDC, pleiteando concessão da justiça gratuita, aplicação da teoria da imprevisão para revisão contratual, redução dos juros abusivos e adequação das parcelas à nova realidade financeira causada pela pandemia da COVID-19, fundamentada nos artigos do CPC/2015, CCB/2002 e CDC, com destaque para princípios constitucionais e jurisprudência aplicável.
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APELAÇÃO CÍVEL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de __ do Estado de __,
Autos nº _______________

2. PRELIMINARMENTE

DA CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

O Apelante, P. da S., já havia requerido os benefícios da justiça gratuita nos autos, alegando hipossuficiência econômica, nos termos do CPC/2015, art. 98. Contudo, o MM. Juízo a quo indeferiu o pedido sob o fundamento de ausência de comprovação documental suficiente da alegada condição financeira.

Ocorre que, conforme entendimento consolidado, a simples declaração de hipossuficiência goza de presunção relativa de veracidade (CPC/2015, art. 99, §3º), cabendo à parte contrária ou ao Juízo demonstrar elementos concretos que afastem tal presunção. Ressalte-se que o Apelante, diante de sua atual condição de inadimplência e da modificação substancial de sua capacidade financeira em decorrência da pandemia da COVID-19, não possui condições de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família.

A negativa do benefício viola o direito fundamental de acesso à Justiça, previsto no CF/88, art. 5º, XXXV e LXXIV, e afronta o princípio da inafastabilidade da jurisdição. Ademais, a jurisprudência é firme no sentido de que, comprovada a hipossuficiência, deve ser deferida a gratuidade de justiça (TJSP, Apelação Cível 1015465-14.2023.8.26.0006).

Assim, requer-se, em preliminar, a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao Apelante, com o consequente reconhecimento da dispensa do preparo recursal, nos termos do CPC/2015, arts. 98 e 99.

3. DOS FATOS

Trata-se de Ação Monitória ajuizada por Banco do Brasil S/A em face de P. da S., visando ao recebimento de dívida representada por contrato de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) – Empréstimo para Renegociação, firmado em 22/02/2023, no valor original de R$ 392.240,78, atualizado para R$ 575.614,13.

O Apelante, regularmente citado, apresentou Embargos à Monitória, nos quais pleiteou a concessão da justiça gratuita, alegou a abusividade da taxa de juros aplicada e a ocorrência de desequilíbrio econômico-financeiro em virtude da pandemia da COVID-19, requerendo a aplicação da teoria da imprevisão para revisão contratual. Defendeu que a dívida deveria ser reconhecida no valor de R$ 316.765,73, propondo o pagamento em parcelas mensais de R$ 2.500,00.

O Apelante afirmou a impossibilidade de cumprimento da obrigação nas condições pactuadas, em razão da modificação substancial de sua situação financeira, causada por evento imprevisível e extraordinário (pandemia da COVID-19).

O MM. Juízo a quo, após regular instrução, indeferiu o pedido de justiça gratuita e julgou procedente a ação monitória, convertendo o mandado inicial em mandado executivo, condenando o Apelante ao pagamento do valor integral da dívida, acrescido de encargos, custas e honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

A r. sentença fundamentou-se na ausência de comprovação documental da hipossuficiência financeira e na insuficiência das alegações do Apelante quanto à abusividade dos juros e ao desequilíbrio contratual, afastando a aplicação da teoria da imprevisão por falta de demonstração do nexo causal entre a pandemia e a incapacidade de pagamento.

Inconformado, o Apelante interpõe o presente recurso, visando à reforma da sentença para concessão da justiça gratuita e revisão do contrato, com redução do valor da dívida e adequação das condições de pagamento.

4. DO DIREITO

4.1. DA JUSTIÇA GRATUITA

O CPC/2015, art. 98 assegura à parte que comprovar insuficiência de recursos o direito à gratuidade de justiça, abrangendo todas as despesas processuais. O art. 99, §3º do mesmo diploma legal estabelece que a declaração de hipossuficiência presume-se verdadeira, salvo prova em contrário.

O indeferimento do benefício, sem elementos concretos que infirmem a presunção legal, viola o direito fundamental de acesso à Justiça (CF/88, art. 5º, XXXV e LXXIV). A jurisprudência é pacífica no sentido de que a hipossuficiência deve ser reconhecida quando a parte demonstra, ainda que minimamente, a impossibilidade de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento (TJSP, Apelação Cível 1015465-14.2023.8.26.0006).

No caso, o Apelante comprovou a alteração de sua condição financeira em virtude da pandemia, estando atualmente inadimplente e sem condições de arcar com os custos do processo.

4.2. DA REVISÃO CONTRATUAL – TEORIA DA IMPREVISÃO

O CCB/2002, art. 478 e art. 317 consagram a possibilidade de revisão contratual quando, por motivos imprevisíveis, sobrevém onerosidade excessiva para uma das partes, autorizando a resolução ou revisão do contrato para restabelecimento do equilíbrio.

A pandemia da COVID-19 constitui fato extraordinário e imprevisível, reconhecido como tal pelo próprio Poder Judiciário. Entretanto, para a aplicação da teoria da imprevisão, exige-se a demonstração de que o evento superveniente tornou a obrigação excessivamente onerosa, bem como o nexo causal entre o fato e a impossibilidade de cumprimento da obrigação.

O Apelante, em seus embargos, alegou e demonstrou a modificação substancial de sua situação financeira, propondo inclusive a quitação da dívida em condições compatíveis com sua nova realidade, o que evidencia a boa-fé objetiva e a tentativa de adimplir a obrigação, ainda que de forma parcelada.

O princípio da função social do contrato (CCB/2002,"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de Apelação Cível interposta por P. da S. em face de sentença proferida nos autos de Ação Monitória ajuizada por Banco do Brasil S/A, visando ao recebimento de dívida oriunda de contrato de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) – Empréstimo para Renegociação. A sentença de primeiro grau indeferiu o pedido de justiça gratuita e julgou procedente a ação monitória, condenando o Apelante ao pagamento integral do débito, acrescido de encargos, custas e honorários advocatícios.

O Apelante requer a concessão da justiça gratuita, a revisão contratual com fundamento na teoria da imprevisão em razão da pandemia da COVID-19 e a limitação dos juros ao patamar de mercado, com adequação das condições de pagamento à sua nova realidade financeira.

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.

II. Fundamentação

1. Da Fundamentação Constitucional e Legal (CF/88, art. 93, IX)

O presente voto está fundamentado nos termos do CF/88, art. 93, IX, que exige a motivação das decisões judiciais, e será proferido com base na análise hermenêutica entre os fatos e o direito aplicável.

2. Da Justiça Gratuita

O CPC/2015, art. 98 assegura à parte que comprovar insuficiência de recursos o direito à gratuidade de justiça, abrangendo todas as despesas processuais. De acordo com o CPC/2015, art. 99, §3º, a declaração de hipossuficiência presume-se verdadeira, salvo prova em contrário.

No caso, observo que o Apelante apresentou declaração de estado de pobreza e documentos que indicam significativa alteração de sua condição financeira em virtude da pandemia. Não há nos autos elementos concretos que infirmem tal alegação. A negativa do benefício, sem prova robusta em sentido contrário, viola o direito de acesso à justiça (CF/88, art. 5º, XXXV e LXXIV).

Assim, defiro a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao Apelante.

3. Da Teoria da Imprevisão e Revisão Contratual

Nos termos do CCB/2002, art. 478 e art. 317, é possível a revisão contratual quando, por motivos imprevisíveis, sobrevém onerosidade excessiva para uma das partes. A pandemia da COVID-19 é reconhecida como fato extraordinário e imprevisível, porém a aplicação da teoria da imprevisão exige a demonstração do nexo causal entre o evento e a impossibilidade de cumprimento da obrigação.

No caso em exame, o Apelante comprovou a alteração substancial de sua situação financeira, demonstrando boa-fé objetiva ao propor a quitação da dívida em condições compatíveis com sua nova realidade. A manutenção integral das obrigações pactuadas, sem qualquer flexibilização, afronta a função social do contrato (CCB/2002, art. 421) e a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

Dessa forma, reputo cabível a revisão das condições de pagamento, de modo a permitir ao Apelante o adimplemento do débito em parcelas mensais ajustadas à sua atual capacidade econômica, evitando o enriquecimento sem causa do credor e o desequilíbrio contratual.

4. Da Abusividade dos Juros e Encargos

Conforme orientação do CDC, art. 6º, V e art. 51, IV, é possível a revisão de cláusulas contratuais que imponham obrigações excessivamente onerosas ao consumidor. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a limitação dos juros remuneratórios ao patamar médio de mercado, quando demonstrada discrepância relevante (Súmula 382/STJ e Súmula 541/STJ).

No caso, verifico que os juros aplicados superam a média de mercado divulgada pelo Banco Central à época da contratação, justificando sua adequação. Igualmente, eventuais encargos não pactuados deverão ser excluídos.

5. Da Função Social do Contrato e Dignidade da Pessoa Humana

O ordenamento jurídico pátrio consagra a função social do contrato (CCB/2002, art. 421) e a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) como princípios fundamentais. A revisão contratual em situações excepcionais, como a presente, revela-se medida de justiça e equidade.

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no CF/88, art. 93, IX, CPC/2015, arts. 98 e 99, CCB/2002, arts. 421, 422, 478 e 317 e CDC, art. 6º, V, dou provimento ao recurso de apelação para:

  • Conceder ao Apelante os benefícios da justiça gratuita (CPC/2015, arts. 98 e 99);
  • Determinar a revisão das condições de pagamento da dívida, autorizando o parcelamento em prestações mensais adequadas à capacidade financeira do Apelante, a ser apurada em liquidação de sentença;
  • Limitar os juros remuneratórios ao patamar médio de mercado divulgado pelo Banco Central à época da contratação, excluindo-se encargos não pactuados ou ilegais (CDC, art. 6º, V);
  • Invertendo-se os ônus sucumbenciais, condenando o Apelado ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor atualizado da condenação.

É como voto.

IV. Dispositivo Final

Conheço do recurso e dou-lhe provimento, nos termos acima.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.


Local, data.
Juiz de Direito

**Observações**: - As citações legislativas (CF/88, art. 93, IX etc.) seguem o formato solicitado, inclusive dentro dos parágrafos. - O voto está fundamentado com base nos fatos e nos dispositivos constitucionais e legais relevantes, conforme a hermenêutica do caso. - O texto está organizado com títulos e parágrafos adequados para facilitar a leitura e compreensão.

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