Modelo de Ação revisional de contrato de financiamento de veículo contra Banco Bradesco Financiamentos S/A, visando exclusão de cláusulas abusivas, redução de juros, vedação de capitalização e restituição de valores p...

Publicado em: 15/07/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Modelo de petição inicial de ação revisional de contrato de financiamento de veículo com alienação fiduciária, proposta por consumidor contra instituição financeira, fundamentada no Código de Defesa do Consumidor e no Código Civil, requerendo a revisão de cláusulas abusivas, suspensão dos efeitos da mora, exclusão de tarifas e seguros cobrados indevidamente, redução dos juros remuneratórios, vedação da capitalização mensal e devolução de valores pagos, com pedido de tutela de urgência e produção de provas.
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AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de Rio Verde – GO.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

L. A. dos R., brasileiro, solteiro, motorista, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 100, Bairro Central, Rio Verde – GO, CEP 75900-000, por intermédio de seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), com escritório profissional na Rua dos Advogados, nº 200, Bairro Centro, Rio Verde – GO, CEP 75900-001, endereço eletrônico [email protected], vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO

em face de Banco Bradesco Financiamentos S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 00.000.000/0001-00, com sede na Avenida Paulista, nº 1000, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01310-100, endereço eletrônico [email protected], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Autor celebrou com o Réu, em 10/04/2023, contrato de financiamento para aquisição de um veículo Fiat Strada, garantido por alienação fiduciária, conforme instrumento particular anexo. O valor financiado foi de R$ 48.000,00, a ser pago em 48 parcelas mensais de R$ 1.350,00, com incidência de taxa de juros mensal de 3,14% e anual de 44,91%, além de tarifas de cadastro, registro de contrato e seguro prestamista.

Ocorre que, a partir da quinta parcela, vencida em 10/09/2023, o Autor, diante de dificuldades financeiras, deixou de adimplir as prestações. O Réu notificou o Autor acerca da mora, conforme previsto no contrato e na legislação aplicável, tendo sido ajuizada ação de busca e apreensão, com valor atualizado da dívida de R$ 57.856,20 até 18/03/2024.

Contudo, ao analisar o contrato, o Autor identificou a existência de cláusulas abusivas, notadamente: (i) cobrança de juros remuneratórios acima da média de mercado, (ii) capitalização mensal de juros sem clareza e transparência, (iii) imposição de tarifas e seguros sem opção de escolha, caracterizando venda casada e (iv) outras condições que colocam o consumidor em desvantagem exagerada, em afronta ao Código de Defesa do Consumidor.

Assim, busca o Autor a revisão das cláusulas contratuais, para adequação dos encargos financeiros e exclusão das cobranças abusivas, bem como a suspensão dos efeitos da mora até o julgamento final da presente demanda.

4. DO DIREITO

4.1 DA REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS

O direito à revisão contratual encontra amparo no CCB/2002, art. 421 e art. 422, que consagram a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, bem como no CDC, art. 6º, V, que assegura ao consumidor a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais.

O CDC, art. 51, IV e §1º, III, prevê a nulidade de cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé e a equidade. A cobrança de juros remuneratórios em patamar superior à média de mercado, sem justificativa, caracteriza onerosidade excessiva e afronta à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

4.2 DA ABUSIVIDADE DOS JUROS E CAPITALIZAÇÃO

Embora a jurisprudência reconheça a possibilidade de pactuação de juros superiores a 12% ao ano em contratos bancários (Súmula 596/STF), tal liberdade não é absoluta, devendo ser observada a razoabilidade e a média de mercado, sob pena de abusividade (STJ, REsp 1.061.530/RS). Ademais, a capitalização mensal de juros exige expressa pactuação e transparência, sob pena de nulidade (STJ, Súmula 539 e 541).

4.3 DA COBRANÇA DE TARIFAS E SEGUROS

A cobrança de tarifas de cadastro e registro de contrato somente é admitida se houver efetiva prestação do serviço e informação prévia ao consumidor (Súmula 566/STJ; REsp 1.578.553/SP/STJ). A imposição de seguro prestamista sem opção de escolha caracteriza venda casada, vedada pelo CDC, art. 39, I, e reconhecida como abusiva pelo STJ (REsp 1.639.259/SP).

4.4 DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da função social do contrato (CCB/2002, art. 421), da equidade e da vulnerabilidade do consumidor (CDC, art. 4º, I) impõem a revisão de cláusulas que gerem desequilíbrio contratual, especialmente em contratos de adesão, como o presente.

Diante do exposto, resta evidenciada a necessidade de revisão das cláusulas abusivas, para restabelecer o equilíbrio contratual e proteger o consumidor de práticas lesivas.

5. JURISPRUDÊNCIAS

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
"Ação de revisão de cláusulas contratuais, alegando a parte autora a existência de cláusulas abusivas no contrato de financiamento, insurgindo-se acerca da taxa de juros pactuada, tarifa e seguro constante do negócio. [...] O STJ, no julgamento do Resp. repetitivo 1.578.553/SP, entendeu pela validade da cláusula que prevê o ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvando a abusividade da cobrança por serviço não efetivamente prestado, e a possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto. ...

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Simulação de Voto

Voto do Magistrado

I. Relatório

Trata-se de Ação Revisional de Contrato de Financiamento proposta por L. A. dos R. em face de Banco Bradesco Financiamentos S/A, na qual o autor pleiteia a revisão de cláusulas contratuais consideradas abusivas, notadamente a cobrança de juros remuneratórios acima da média de mercado, capitalização mensal de juros sem transparência, imposição de tarifas e seguros sem opção de escolha, bem como a suspensão dos efeitos da mora.

Após regular processamento, foram apresentadas contestação e réplica, tendo sido produzidas provas documentais. É o relatório.

II. Fundamentação

II.1. Admissibilidade

Os pressupostos processuais e condições da ação estão presentes, razão pela qual conheço do pedido.

II.2. Fundamentação Constitucional e Legal (CF/88, art. 93, IX)

Nos termos do CF/88, art. 93, IX, a motivação das decisões judiciais é requisito essencial à validade dos pronunciamentos jurisdicionais, devendo o magistrado expor os fundamentos de fato e de direito que embasam a solução do litígio.

II.3. Da Revisão das Cláusulas Contratuais

O direito à revisão contratual encontra respaldo no CCB/2002, art. 421 e art. 422, que consagram a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, bem como no CDC, art. 6º, V, que assegura ao consumidor a modificação de cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais.

A análise do contrato revela a existência de cláusulas que, em tese, podem colocar o consumidor em desvantagem exagerada, sobretudo quanto à cobrança de juros remuneratórios superiores à média de mercado e à imposição de serviços acessórios não contratados de forma clara, em possível afronta ao CDC, art. 51, IV e §1º, III.

Destaco que a cobrança de juros remuneratórios em patamar notoriamente superior à média de mercado, sem justificativa plausível, caracteriza onerosidade excessiva e afronta à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

II.4. Da Abusividade dos Juros e da Capitalização

Embora a jurisprudência admita a livre pactuação de taxas de juros em contratos bancários, tal prerrogativa não é absoluta, devendo ser observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como a média de mercado (STJ, REsp Acórdão/STJ). A capitalização mensal de juros exige expressa pactuação, de forma clara e destacada, sob pena de nulidade (STJ, Súmulas 539 e 541).

II.5. Da Cobrança de Tarifas e Seguros

A cobrança de tarifas de cadastro e registro de contrato apenas se legitima mediante efetiva prestação do serviço e informação prévia ao consumidor (Súmula 566/STJ). A imposição de seguro prestamista sem opção de escolha caracteriza venda casada, prática vedada pelo CDC, art. 39, I.

A jurisprudência do STJ, no julgamento do REsp Acórdão/STJ, consolidou entendimento no sentido de que não pode o consumidor ser compelido a contratar seguro com a instituição financeira ou seguradora por ela indicada.

II.6. Dos Princípios Aplicáveis

O princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da função social do contrato (CCB/2002, art. 421), da equidade e da vulnerabilidade do consumidor (CDC, art. 4º, I) impõem a necessidade de revisão das cláusulas que gerem desequilíbrio contratual, especialmente em contratos de adesão.

II.7. Da Suspensão dos Efeitos da Mora

Considerando a controvérsia acerca da legalidade dos encargos cobrados e a plausibilidade das alegações do autor, entendo cabível o deferimento da tutela de urgência para suspender os efeitos da mora e impedir a apreensão do veículo, nos termos do CPC/2015, art. 300.

II.8. Da Devolução dos Valores Pagos Indevidamente

Constatada a cobrança de valores referentes a encargos considerados abusivos (juros acima da média, tarifas e seguros não contratados de forma clara), o consumidor faz jus à devolução simples dos respectivos valores, acrescidos de correção monetária e juros legais.

II.9. Jurisprudência

A jurisprudência nacional é firme no reconhecimento do direito à revisão das cláusulas contratuais abusivas, especialmente quanto à cobrança de juros acima da média de mercado, capitalização indevida e venda casada de seguros, como se depreende das decisões proferidas pelo STJ e Tribunais Estaduais, exemplificadas nos autos.

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fulcro no CF/88, art. 93, IX, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido para:

  • Determinar a revisão das cláusulas contratuais, reduzindo os juros remuneratórios ao patamar médio de mercado vigente à época da contratação;
  • Vedando a capitalização mensal de juros sem expressa pactuação, devendo ser recalculado o débito, caso constatada sua ausência;
  • Excluir do contrato as tarifas e seguros não contratados de forma clara e autônoma, condenando o réu à devolução simples dos valores pagos pelo autor a esse título;
  • Reconhecer a prática de venda casada quanto ao seguro prestamista, caso comprovada a ausência de opção de escolha, com restituição dos valores pagos;
  • Confirmar a tutela de urgência, para suspender os efeitos da mora e impedir a apreensão do veículo até o trânsito em julgado;
  • Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa;
  • Determinar a produção das provas necessárias, nos termos do CPC/2015, art. 369.

Fica autorizada a atualização do valor da causa (CPC/2015, art. 292, II).

Recurso

Publique-se, registre-se e intime-se.
Caso interposto recurso, conheço-o, pois presentes seus pressupostos de admissibilidade, devendo ser encaminhado ao tribunal competente para apreciação, nos termos da legislação processual aplicável (CPC/2015, art. 1.009).

Rio Verde – GO, 10 de junho de 2024.

_______________________________________
Magistrado


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